Título: Obama se reúne com líder palestino e reafirma apoio à solução de 2 Estados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2013, Internacional, p. A8

Jerusalém

No segundo dia de seu giro pelo Oriente Médio, o presidente dos EUA, Barack Obama, encontrou-se em Ramallah com seu colega palestino, Mahmoud Abbas. Logo depois, em Jerusalém, ele advogou pela retomada do processo de paz entre israelenses e palestinos com um apelo para que Israel admita que terá de fazer concessões para obter o fim do conflito. "Uma solução de dois Estados ainda é possível", disse o americano.

"O povo palestino merece o fim da ocupação e das coisas indignas que ela traz", afirmou Obama em Ramallah, onde fica a sede da Autoridade Palestina.

O americano disse que a construção de novos assentamentos de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental não é "apropriada nem construtiva" para a paz, mas não pediu o fim das comunidades judaicas no território palestino, como fez no discurso de 2009, no Cairo. "Os EUA não aceitam a legitimidade dos assentamentos israelenses. E hora de esses assentamentos acabarem", disse na capital egípcia.

Depois do encontro com Abbas, em que o presidente palestino ainda estar "convencido" de que o líder americano "eliminará" os obstáculos para a paz, Obama seguiu para Jerusalém, onde discursou para universitários israelenses.

Em um texto cuidadosamente articulado - considerado por inúmeros analistas políticos o ápice de sua primeira viagem a Israel como presidente o americano pediu aos jovens que tenham empatia com seus vizinhos palestinos e "olhem o mundo pelos olhos deles". Obama se disse comprometido com a segurança dos israelenses, apontando como os EUA sempre se posicionaram do lado de Israel.

O discurso pareceu também uma tentativa de Obama de falar diretamente com uma nova geração de israelenses que não compartilha, necessariamente, da amarga visão de seus pais e avós, que, na melhor das hipóteses, sentem desconfiança em relação aos palestinos e apreensão a respeito do presidente americano.

"Reconheço que há aqueles que não são simplesmente céticos sobre a paz, mas questionam sua premissa implícita - e isso faz parte da democracia e do diálogo entre nossos dois países", disse Obama no Centro de Convenções de Jerusalém, que foi transmitido ao vivo na TV. "Mas é importante sermos abertos e honestos um com o outro. Politicamente, diante do forte apoio bipartidário a Israel nos EUA, o mais fácil para mim seria pôr de lado esse assunto e expressar apoio incondicional para tudo o que Israel decidir fazer."

No que pareceu uma crítica sutil à dura política do premiê Binyamin Netanyahu em relação aos palestinos, Obama afirmou ter um "verdadeiro parceiro" no governo de Abbas.

Obama lembrou a plateia que seu país é o mais importante aliado dos israelenses. "Enquanto houver os EUA, vocês não estarão sozinhos", afirmou o presidente, que foi muito aplaudido em vários momentos do discurso.

Os aplausos continuaram mesmo quando o americano afirmou que Israel deve chegar à paz com os palestinos se quiser garantir sua sobrevivência, em longo prazo, como uma pátria para o povo judeu.

"Dada a frustração na comunidade internacional, Israel deve reverter a tendência de isolamento. Assim como os israelenses construíram um Estado em sua pátria, os palestinos têm o direito de ser um povo livre em sua própria terra", disse Obama, defendendo o respeito ao "direito de autodeterminação do povo palestino". "Ponham-se no lugar deles. Não é justo que uma criança palestina não possa crescer em um Estado próprio, vivendo suas vidas inteiras com a presença de um Exército estrangeiro que controla seus movimentos a cada dia." / NYT. e AP.