Título: Criação de postos de trabalho dá sinal de recuperação
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2013, Economia, p. B6

Depois de meses com resultado muito baixo, o mercado de trabalho deu sinais de recuperação em fevereiro, puxado principalmente pelo setor de serviços. No entanto, o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que aponta o número de demissões e contratações com carteira assinada, foi o pior para o mês desde 2009.

As admissões superaram em 123.446 o total de desligamentos, o que significou uma queda de 38,4% em relação ao saldo líquido de empregos em fevereiro de 2012 (200.379 vagas). Foi a primeira vez desde outubro que a abertura de novos postos de trabalho superou a marca de 100 mil.

Segundo o Ministério do Trabalho, o resultado de fevereiro apresenta-se mais próximo da média, o que pode indicar uma reação do mercado, acenando para um cenário positivo no ano. "Mas ainda é cedo para fazermos especulações", ressaltou o ministro Manoel Dias. A projeção do ministério para o saldo de empregos este ano é de 1,7 milhão. O governo conta com a recuperação da economia para garantir uma reação mais forte do mercado de trabalho, que desacelerou em 2012.

Em fevereiro foram contratados 1.774.411 empregados com carteira assinada no Brasil, enquanto 1.650.965 deixaram o emprego. O número de desligamentos é recorde para o mês.

No acumulado do primeiro bimestre, houve a geração líquida de 170.612 postos de trabalho, já considerando os ajustes nos dados de janeiro. Isso porque o Ministério do Trabalho revisou de 28.900 para 47.166 as vagas criadas no primeiro mês do ano. Os números de fevereiro também podem melhorar porque o ministério faz ajustes mensais para incluir empregos declarados fora do prazo formal.

Setores. O setor de serviços mostrou recuperação no mês passado e liderou a geração de empregos, com 82.061 novos postos, seguido da indústria de transformação, com 33.466 aberturas de vagas, e da construção civil, com acréscimo de 15.636 postos. Em janeiro, o setor de serviços acusou uma forte desaceleração na abertura de vagas.

"O setor de serviços, após revelar um desempenho bastante tímido ao longo do ano de 2012 e início de 2013, apresentou um crescimento acima da média do setor (em fevereiro)", afirmaram técnicos do Caged no documento divulgado ontem.

A indústria também vem dando sinais de recuperação este ano, depois de uma desaceleração no ano passado. Os melhores resultados foram nos segmentos de calçados; borracha, fumo e couros; têxtil, química e mecânica. O comércio, por outro lado, apresentou demissão líquida de 10.414 postos de trabalho em fevereiro, puxado pelo varejo. A agricultura reduziu 9.775 vagas.

Na avaliação de Fábio Romão, economista da LCA Consultores, os dados do Caged "aparentemente mostram uma melhora da expectativa com a economia (em 2013)". Exemplo disso foi o desempenho da indústria e do setor de serviços, na opinião do economista. "Esse melhor desempenho pode ser um reflexo de uma expectativa de melhora da economia."

A economista Sarah Bretones, da MCM Consultores, disse em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da. Agência Estado, que a tendência do mercado de trabalho é de que a oferta de mão de obra se tome cada vez mais escassa. Com isso, avalia, os índices de inflação devem ser pressionados, a não ser que haja um aumento da produtividade. "A falta de trabalhadores chegou ao nível de esgotamento", afirmou.

Regiões. O Nordeste foi a única região que não teve aumento do emprego formal no mês passado, por motivos sazonais, ligados à atividade do setor sucroalcooleiro. Segundo os dados do Caged, São Paulo respondeu por 47.769 dos novos empregos com carteira assinada em fevereiro. / Colaborou Renan Carreira.

Expectativa

Fábio Romão

Economista da LCA consultores

"Os dados do Caged aparentemente mostram uma melhora da expectativa com a economia (em 2013)."