Título: Sem Serra, Aécio pedirá apoio paulista
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2013, Nacional, p. A6

Sem a presença do ex-governa­dor José Serra, o senador e presidenciável do PSDB, Aécio Ne­ves (MG), participahoje de en­contro partidário em São Pau­lo, durante o qual discursará a favor da unidade tucana e fará críticas ao governo da presi­dente Dilma Rousseff.

Aécio fará uma palestra na se­de do PSDB paulista num movi­mento político de aproximação com o partido em São Paulo, eta­pa necessária para consolidar seu projeto de se tornar o candi­dato a presidente em 2014.

A presença do senador na capi­tal paulista ocorre no momento em que Serra ameaça deixar o PSDB. Aliados do ex-governador reclamam da falta de espaço para o tucano no partido e chegaram a pleitear a presidência da legenda para ele - Aécio, porém, deve ser eleito o novo presidente nacional do PSDB em maio. Convidado pa­ra participar do encontro, o ex-governador foi para os Estados Uni­dos neste final de semana, alegan­do ter sido chamado "em cima da hora", segundo tucanos.

No discurso de hoje, o senador seguirá o tom das críticas ao go­verno petista, principalmente na área econômica. Também apro­veitará o público interno para fa­zer uma sinalização em direção à unidade partidária. Falará da im­portância de São Paulo para o partido e tecerá elogios ao gover­nador Geraldo Alckmin e a Serra.

Para mostrar força, Aécio de­ve chegar ao encontro acompa­nha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal ava­lista de sua candidatura a presi­dente no partido, de Alckmin e do presidente da legenda, depu­tado Sérgio Guerra (PE).

"Aécio atribui a São Paulo e ao PSDB paulista uma grande im­portância. Não tem PSDB viável sem o firme apoio de São Paulo", afirmou Guerra. Questionado sobre a ausência de Serra no en­contro, ele disse: "Seria melhor que ele estivesse, mas ele deve ter razões para ter ido viajar".

Encontro. Alckmin cogitou des­marcar o evento ao ponderar a conveniência de Aécio vir a São Paulo num momento em que há divergência com Serra sobre a formação da nova direção do PSDB. Aécio e o ex-governador conversaram na semana passa­da, mas o encontro não teve re­sultado. Não houve sinalização concreta por parte de Aécio so­bre participação do ex-governa­dor no partido. Também não hou­ve nenhum pedido por parte de Serra. A situação ficou como es­tá: Aécio com domínio da estrutu­ra partidária, e aliados de Serra falando em "rolo compressor".

O paulista tinha viagem para participar de um evento na Uni­versidade Princeton, nos Esta­dos Unidos, mas disse a aliados que cogitaria suspender ou adiar PSDB-SP ao seu projeto presidencial em 2014 sua ida ao exterior, caso Aécio fi­zesse uma sinalização formal pa­ra que ocupasse um espaço na direção nacional do PSDB, o que não aconteceu. O ex-governador de São Paulo reclama que foi atro­pelado pelo senador mineiro, que trabalha para assumir o co­mando do partido. Sua ausência na palestra de hoje deve ser interpretada como um contra-ataque claro, segundo seus aliados.

Alckmin. A maior preocupação dos entusiastas da candidatura de Aécio é com Alckmin. Avaliam que Serra não entrará no projeto presidencial do senador.

Mas, como precisam de São Pau­lo, querem o apoio do governa­dor paulista e esperam uma de­claração dele hoje. Alckmin, no entanto, diz ser contra a anteci­pação da disputa e deve ser gené­rico no apoio a Aécio. Candidato " à reeleição em 2014, ele teme o impacto da saída de Serra do PSDB no seu projeto eleitoral.

Para criar um contraponto aos conflitos nos bastidores, Aécio pediu à direção do PSDB minei­ro que participasse do encontro. Uma comitiva liderada pelo pre­sidente da legenda em Minas Ge­rais, Marcus Pestana, e pelo secretário-geral, Carlos Mosconi, estará presente. / julia duailibi e BRUNO BOGHOSSIAN