Título: Israel ataca alvo em território sírio e aumenta tensão na região do Golã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2013, Internacional, p. A8

Resposta. Ataque com míssil teleguiado - segundo episódio recente de violência além da fronteira entre os dois países - retalia tiros que atingiram veículos militares israelenses no fim de semana e eleva o temor de que a guerra civil na Síria se espalhe pela região

Em meio a avanços de tropas rebeldes no sul da Síria, o Exér­cito israelense retaliou ontem um ataque que veio do país vi­zinho a dois de seus veículos de patrulha nas Colinas do Go­lã, território ocupado por Is­rael desde 1967. Segundo um porta-voz do Ministério de De­fesa israelense, um míssil tele­guiado atingiu um comando militar sírio, mas não deu deta­lhes se ele pertencia às forças insurgentes ou às tropas do re­gime de BasharAssad.

Ocorrido dois dias após uma visita oficial do presidente ameri­cano, Barack Obama, a Israel, o ataque foi o segundo episódio de violência além da fronteira entre os dois países e aumentou os te­mores de que a guerra civil síria se espalhe para territórios vizi­nhos.

Depois do ataque, o novo mi­nistro de Defesa de Israel, Moshe Yaalon alertou a Síria de que qualquer violação da soberania israelense, assim como disparos vindos da fronteira, serão res­pondidos com o silenciamento da fonte responsável pelo ata­que. "O regime sírio é responsá­vel por toda violação de sobera­nia", disse. Não permitirmos que o Exército sírio ou qualquer outro grupo viole a soberania de Israel de qualquer maneira."

Na Síria, os rebeldes amplia­ram sua presença militar no sul do país, em uma faixa de 25 km entre a Jordânia e as Colinas do Golã. Apesar do avanço dos dissi­dentes, no entanto, o Exército is­raelense não quis confirmar de que lado do conflito sírio vieram os tiros contra seus veículos mili­tares.

"Afaixa de 25 km entre Muzayrib e o Golã estão fora do contro­le de Assad", disse um porta-voz do Observatório Sírio dos Direi­tos Humanos, ONG pró-rebelde com base em Londres.

Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou par­te das Colinas do Golã, um terri­tório estratégico no norte de Is­rael, cuja anexação não foi reco­nhecida internacionalmente. A linha de cessar-fogo, estabeleci­da após a Guerra do Yom Kip- pur, em 1973, tem estado relativa­mente calma desde então.

Em novembro, tanques israe­lenses dispararam contra unida­des de artilharia síria na região depois de um disparo de mortei­ro ter atingido o território ocupa­do. Segundo um porta-voz do Exército de Israel, um veículo mi­litar foi atingido pela artilharia síria na noite de sábado, sem dei­xar feridos. Na manhã de ontem, houve outro disparo similar e o Exército israelense retaliou.

O governo israelense diz moni­torar de perto a crise a Síria. A principal preocupação do gover­no do primeiro-ministro Binya- min Netanyahu é a segurança do estoque de armas químicas de Assad. Israel teme que esse arse­nal possa cair em mãos da milí­cia radical xiita Hezbollah ou ser roubado por rebeldes jihadistas com vínculos com a Al-Qaeda.

Especula-se que um ataque que deixou 26 mortos em Alepo na semana passada tenha sido feito com armas químicas. Uma reportagem publicada ontem pe­lo jornal Haaretz, qüe cita fontes de inteligência, diz que há indí­cios de que os rebeldes, e não tro­pas de Assad, tenham usado o ar­senal.

Segundo a publicação, o fato de soldados leais a Assad terem sido mortos no ataque, o fato de o regime ter pedido uma investi­gação à ONU e o uso de cloro, uma gás incomum no arsenal de armas químicas atualmente, ape­sar de ter sido usado como arma na Primeira Guerra Mundial.

Rebeldes jihadistas, de acordo com fontes militares sírias, te­riam misturado cloro a uma solu­ção salina e conseguido carregá-lo êm um míssil. Outra hipótese, no entanto, é que o projétil te­nha atingido um reservatório do gás no quartel atacado.

O ataque de ontem coincide também com a retomada de rela­ções diplomáticas com a Tur­quia, outro país que já sofreu com ataques vindo da Síria em seu território. Segundo Netaya- hu, a guerra civil no país vizinho foi um dos motivos que levaram à normalização dos laços entre, os dois países, /âfp, APeNYT