Título: Desonerações evitaram 0,4 ponto na inflação
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/03/2013, Economia, p. B3

O governo já conseguiu cortar pelo menos 0,40 ponto porcentual da inflação deste ano, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Economistas criticam a adoção de medidas apenas pontuais, mas a equipe econômica corre contra o tempo para evitar o estouro do teto da meta de inflação, de 6,5%. Na taxa acumulada em 12 meses, o estouro pode ocorrer já neste mês.

Os cálculos do Ibre/FGV levam em consideração apenas as medidas cujos efeitos serão sentidos ainda no primeiro semestre a volta gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os bens duráveis, o aumento nos combustíveis aquém do necessário para a recomposição do caixa da Petrobrás, o corte na tarifa de energia elétrica e a desoneração de itens da cesta básica.

Mas o arsenal ainda não se esgotou. Outro 0,20 ponto porcentual poderia ser evitado caso os prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro não concedessem aumento nas passagens de transportes coletivos. Como antecipou o Estado na sexta-feira, o governo estuda um novo pacote para conter o avanço de preços, como desonerar o PIS/Cofins sobre o óleo diesel, que reduziria os custos das empresas de transportes.

Nesse cenário, a economia total de 0,60 ponto porçentual no IPCA de 2013 já eqüivaleria, por exemplo, ao aumento de preços verificado no País durante todo o mês de fevereiro, quando a taxa registrada pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,60%.

"O governo está atuando só nas conseqüências, mas não está atacando as causas da pressão da inflação", afirma Álvaro Bandeira, sócio da corretora Órama. "Estão só calibrando o IPCA para que não ultrapasse a meta".

Em São Paulo, as medidas tomadas até agora já conseguiram cortar boa parte da inflação, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), O índice de Preços ao Consumidor (ipc) deve chegar á dezembro em 5%, mas, se não fosse a redução da energia e a desoneração da cesta básica, o indicador seria de 6,1% no fechamento de 2013.

"Essas medidas pontuais, no fundo, só têm efeitos duradouros nos setores relacionados a elas", analisa o professor de Economia da USP e coordenador da Fipe, Rafael Coutinho Costa e Lima. "As empresas elétricas tiveram suas receitas reduzidas e terão de conviver com a nova realidadé. E a redução da cestabásica atingirá, de fato, a realidade das [famílias mais pobres".