Título: Campos diz ter afinidades com Serra
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2013, Nacional, p. A10

Ao explicar encontro com tucano há uma semana, governador diz ter mais ideias comuns com tucano que com integrantes da base petista

Uma semana depois de ter se encontrado com o tucano José Serra, em São Paulo, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, afirmou ontem ter mais afinidades políticas do que divergências com o tucano. "Esse campo em que Serra sempre militou é muito mais próximo do nosso campo político do que muita gente que está conosco e que esteve conosco na base de sustentação do presidente Lula", disse. "Todo mundo sabe disso." Campos defendeu ser "importante manter essa capacidade de dialogar", depois de participar do lançamento de um livro sobre escultores pernambucanos patrocinado pela construtora OAS, no Recife. "Dialogar não significa aderiràposiçãodaspessoas. Dialogar significa civilidade, humildade para saber que suas posições podem melhorar na medida em que se aceita a ponderação dos outros, e isso nós fizemos." A aproximação de Campos com Serra, em mais um lance para pavimentar a candidatura do pernambucano à Presidência em 2014, deixou tanto tucanos como petistas inquietos, como mostrou o Estado ontem.

Indagado se a conversa traria desconforto à boa relação que mantém com senador Aécio Neves (PSDB-MG), quetambémpre-tende disputar o Planalto, Campos minimizou: "O próprioAécio vai encontrar Serra estes dias".

"Ele (Serra) foi muito amigo do meu avô (Miguel Arraes), eu sempre tiveboa relação com Serra, o próprio presidente Lula sabe disso, que sempre tivemos uma porta de conversa", disse Campos. "Serra é economista respeitado, homem público de experiência, foi umgrande ministro da Saúde, governou o maior Estado e a maior cidade do País."

História. As declarações de Campos não passaram despercebidas entre petistas e peemedebistas. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), afirmou que o governador quis fazer uma "revisão dahistória" aover mais afinidade em Serra do que em integrantes dabase do governo federal.

""Há uma distância enorme entre as propostas dele (Serra) para o País e o sistema de alianças que dá suporte a essas propostas. Ele esteve junto com o Democratas, com a direita conservadora, com todaa centro-direita do País, portanto, uma constatação como essa é quase uma revisão da história recente do país que não pode ser aceita", afirmou Tarso, em ato de lançamento do deputado Paulo Tei-xeira(SP) comocandidatoàpre-sidência do PT pela corrente Mensagem ao Partido.

O parlamentar fez menção indireta a Campos e ao PSB. "Temos de ter uma relaçãomais próxima com os partidos de esquerda. Ainda que tenhamos um dos partidos se insinuando paraa disputa presidencial, temos que dizer para ele que o lado dele é ode cá", disse Teixeira.

Para o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), a aproximação de Campos e Serra nãose trata de uma ameaça à base do governo, e sim um sinal do enfraquecimento do PSDB. "Issofortalece apresiden-ta Dilma. OPSDBtem um problema grave de divisão para resolver." / COLABORARAM EDUARDO BRESCIANI e DÉBORA ÁLVARES