Título: Para economista; ação do govemo é transitória
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2013, Economia, p. B3

As medidas pontuais tomadas pelo govemo para conter os aumentos de preços - como o corte na tarifa de energia elétrica, a desoneração de itens da cesta básica e o adiamento de reajustes de transportes, por exemplo - não atacam o problema das pressões inflacionárias, na opinião de Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. "É empurraram com a barriga, afirmou ele, em entrevista a Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.

"Você conseguiu evitar que o IPCA varasse o teto da meta. Mas o efeito é transitório", acrescentou.

Para o economista, o Banco Central adotou um tom mais duro nos últimos documentos oficiais, mas não se mostra disposto a trazer a inflação para a meta de 4,5% fixada para o ano.

Na visão de Alexandre Schwartsman, a autoridade monetária parece mais disposta a controlar as expectativas de inflação.

Meta. "Não me parece que o Banco Central, mesmo nesse processo de aperto, esteja pretendendo atingir um cenário que traga a inflação para meta", di§se. Para ele, o governo não parece disposto a reduzir a demanda e por isso o ciclo de alta não deve passar de 1,5 ponto porcentual, o que deve fazer com que a inflação fique ao redor de 696.

"Se for para domar o processo inflacionário, tem que elevar a taxa de desemprego", disse Schwartsman. Segundo ele, o Banco Central apostou em uma desaceleração da inflação, mas "errou a mão feio" no cenário inflacionário e na política monetária.

"Eles esperavam 1,2% de inflação no primeiro trimestre, mas todas as indicações mostram que vai surpreender para 2%".

O resultado da inflação medida peio índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de março, com alta de 0,49%, veio um pouco abaixo do esperado e torna mais provável que o Banco Central só comece a elevar a taxa básica de juros na reunião de maio, em vez de abril, avaliou Alexandre Schwartsman.

O economista acredita que a taxa do IPCA acumulada em 12 meses possa perder fôlego na segunda metade do ano, mas deve se acomodar num patamar ao redor de 6% no fim de 2013. Para o ano que vem, a previsão de Schwartsman é que a inflação possa chegar novamente a 6,5%.