Título: BNDES fará captação externa, diz Coutinho
Autor: Travaglini, Fernando ; Dantas, Iuri
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/03/2013, Economia, p. B5

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou ontem ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a instituição pretende acessar o mercado externo ainda neste ano para buscar recursos. "Vamos fazer (captação) este ano. Temos muitas sondagens (de investidores estrangeiros)", afirmou Coutinho.

O comentário foi uma resposta à reportagem publicada na edição de ontem do Estado, segundo a qual o banco terá sérias dificuldades de obter recursos com o lançamento de papéis no mercado internacional, depois que a auditoria KPMG fez uma ressalva ao balanço da instituição no ano passado.

Grandes investidores dos Estados Unidos, Europa e Ásia têm restrições em comprar títulos de instituições que tenham observações dos auditores em relação ao seu lucro.

Coutinho afirmou que os papéis do banco negociados no exterior têm mais liquidez que outros títulos do mercado. "A evolução recente, dos últimos dias, mostra que os papéis continuam super bem cotados e líquidos, em posição mais favorável que outros AAA brasileiros", disse o presidente do banco estatal.

Nota cortada. A ressalva ao balanço do banco se somou à decisão da agência de classificação de risco Moody"s de rebaixar a nota do BNDES e do BNDESPar. Para Coutinho, a agência cometeu um erro técnico.

Segundo explicou, o BNDES estava "sobreavaliado", pois tinha notas mais elevadas do que as da República. O rebaixamento, ocorrido no último dia 20, coloca a instituição no mesmo nível de risco do País, o que ele considera correto.

Em nota, o banco afirma que, após a publicação da ressalva, "não houve liquidação dos papéis do BNDES no exterior e não houve alteração das taxas dos títulos". Informa também que, na semana passada, realizou reunião com mais de 30 investidores e "não houve nenhum sinal de preocupação com a observação feita pelos auditores externos no balanço do Banco."

O Estado apurou com fontes do governo e do mercado que a ressalva da auditoria externa não só prejudica os documentos necessários à emissão internacional como também restringe a participação de investidores institucionais. Assim, o problema não atinge os papéis que já estão em mercado, e sim futuras emissões que o BNDES queira fazer. / Colaborou Adriana Fernandes