Título: Feliciano causa saída de funcionários de comissão da Câmara
Autor: Bresciani, Eduardo ; Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2013, Nacional, p. A6

Dos 19 servidores que atuavam no colegiado de Direitos Humanos, só 2 permanecem; parte pediu para sair, parte foi retirada por pastor

A permanência do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na Comissão de Direitos Humanos e Minorias provocou uma debandada, de servidores do colegiado. Dos 19 funcionários que trabalhavam na comissão quando da posse do pastor, somente dois ainda permanecem. Alguns foram dispensa­dos, outros pediram para sair.

Feliciano vem exercendo a presidência da comissão sob protestos. A assessoria do deputado do PSG classificou o processo de substituições como "natural". Diz que alguns dos servidores pediram desligamento ao longo do mês e outros foram dispensados para que o deputado pudesse formar sua própria equipe.

Dos 17 funcionários que saíram, 12 são efetivos da Casa e es­tão sendo realocados em outras atividades. Os dois servidores que ficaram pediram ao parlamentar para continuar. Servidores que atuaram na comissão contam que sete deles deixaram os cargos por diferenças ideológicas assim que Feliciano foi eleito.

Outros continuaram na expectativa de uma renúncia do pastor, o que teria levado alguns aliados de Feliciano a tomá-los por "espiões".

Ex-presidente da comissão, o deputado Domingos Dutra (PT- MA) relata que uma consequência da debandada é a perda da "memória" do trabalho realizado.

"Esse é mais um capítulo dessa tragédia que se abateu sobre a comissão. As pessoas que estavam ali eram pessoas que estavam há muito tempo e tinham todo o conhecimento do que já foi feito." Para ele, o PSC, que não teria par­lamentares ligados à causa, também não possui servidores com perfil necessário para o trabalho.

A assessoria de Feliciano sustenta que foi feita uma transição para se absorver o máximo possível de informações dos funcionários que deixaram os cargos.

Conselho de Ética. Na tentativa de retirar Feliciano do comando da comissão, o PPS decidiu ontem entrar, na próxima terça- feira, com processo por quebra de decoro parlamentar contra o pastor no Conselho de Ética da Casa. O colegiado tem a possibilidade de decidir por um afasta­mento de Feliciano da função.

Para o PPS, além das acusações de racismo e homofobia, o pastor precisa explicar denúncias de uso irregular de verbas de sua cota na Câmara. O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) alega que Feliciano paga com dinheiro público escritórios de advocacia que lhe defendem em processos de interesse pessoal. O pastor nega irregularidade. Feliciano respondeu republicando nas redes sociais um vídeo que veio a público no ano passado, em que Jordy estaria pedindo a uma namorada para realizar um aborto. Na ocasião, o deputado do PPS diz que apenas estava demonstrando cuidado com a gravidez, fruto de um relacionamento fortuito.

Ignorando os protestos por sua saída, Feliciano segue tentando promover uma agenda na comissão. Ele irá à Bolívia no dia 9 de abril para tratar da situação dos 12 torcedores corintianos presos devido à morte de um garoto durante um jogo Libertadores.

Alves é operado

0 presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), foi operado para a retirada de uma hérnia na região do abdômen ontem, em São Paulo, A cirurgia estava agendada, por recomendação médica. O deputado deve receber alta hoje.