Título: Resultado fiscal foi negativo em fevereiro
Autor: Cucolo, Eduardo ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2013, Economia, p. B1

Mesmo com os sinais de uma retomada da economia se refletindo no aumento das receitas, a conta fiscal do primeiro bimestre do ano ficou R$ 8,31 bilhões menor do que o do mesmo período de 2012. Apenas no mês passado, o resultado primário foi negativo em R$ 3,03 bilhões.

Registrar déficit em fevereiro é algo inédito para o mês e o Banco Central, responsável pela divulgação dos números ontem, admitiu que o saldo, isolado, "não foi favorável". Quando o governo consegue fazer superávit, significa que está economizando dinheiro para pagar os juros de sua dívida. A meta este ano é reservar no cofre R$ 155,9 bilhões para esse fim.

A diferença dos primeiros dois meses deste ano para o de 2012 foi atribuída pelo chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, a dois motivos: um incremento em dividendos de cerca de R$ 5 bilhões das receitas em 2012 e o aumento de despesas com investimentos este ano de aproximadamente R$ 3 bilhões. Com isso, o saldo de janeiro e fevereiro foi de R$ 27,22 bilhões, abaixo da marca de R$ 35,53 bilhões de um ano antes. O resultado, porém, ainda está abaixo do que foi visto dois anos antes, quando o resultado do bimestre foi de R$ 25,66 bilhões. Maciel lembrou que, naquele ano, a equipe econômica conseguiu cumprir a meta sem qualquer abatimento. Para este ano, o governo já preparou o terreno e poderá descontar da meta até R$ 65,2 bilhões de investimentos que fizer no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou de desoneração.

Apesar da diminuição, Maciel avaliou como positivo o quadro fiscal em 2013. Isso porque a expectativa de atividade econômica é melhor agora. Tanto é, segundo ele, que a arrecadação de tributos já revela aumento.

O BC também reconheceu ontem que a perspectiva do mercado de que a Selic poderá subir ainda este ano contaminou algumas estimativas. Atualmente, a taxa em 7,25% ao ano. Para a dívida líquida, o BC elevou de 33,2% pára 34,1% do Produto Interno Bruto (PIB) a projeção de 2013.