Título: IPI reduzido de carros será prorrogado para conter inflação e estimular economia
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/03/2013, Economia, p. B1

O governo vai adiar o aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, previsto para subir no dia 1° de abril. O Estado apurou que a equipe econômica pode, até, congelar as alíquotas no patamar atual por tempo indeterminado. Pelo cronograma divulgado em dezembro, estavam previstos três aumentos do tributo. O reajuste de janeiro se confirmou. O imposto deveria subir novamente em abril e julho.

A informação de que o imposto não subiria em abril foi antecipada pelo Estado na quarta-feira, na coluna Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy. O anúncio da prorrogação deve ser feito na segunda-feira pelo Ministério da Fazenda.

O fraco desempenho das vendas no primeiro trimestre de 2013 fez o governo rever a decisão de aumentar o tributo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu-se com representantes da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na quinta-feira.

Entre maio e dezembro de 2012, o governo reduziu o IPI dos veículos flex de até 1.000 cilindradas de 7% para zero. Em i.° de janeiro de2,oi3, a alíquota dessa categoria subiu para 2% e deveria subir para 3,5% a partir de segunda-feira, voltando aos 7% originais em 1° de julho, segundo cronograma divulgado pelo governo no final do ano passado.

Para os veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, a alíquota do IPI caiu de 11% para 5,5% até 31 de dezembro, subiu para 7% em 1° de janeiro e deveria ir a 9% na segunda-feira. Para veículos a gasolina nessa faixa, o IPI original saiu de 13% para 6,5% entre maio e dezembro do ano passado, foi para 8% em 1° de janeiro e a previsão era chegar a 10% a partir de abril. Estoques. Nesta semana, o vice-presidente de assuntos corporativos da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb, disse estar "reticente" se a projeção de crescimento do mercado para 2013, de 3,5% a 4,5%, vai se concretizar, citando a questão do IPI.

Alenta recuperação da economia tem levado a Fazenda a rever o fim de vários incentivos tributários desde o ano passado. E o setor automobilístico é um dos mais sensíveis para o governo, por causa do seu peso na indústria, no varejo e no emprego. A indústria automobilística representa quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

Desde que o ministério derrubou o IPI, em maio do ano passado, já houve quatro prorrogações. A produção de veículos cresceu 18,4% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período de 2012, o que surpreendeu analistas do setor. As vendas, no entanto, decepcionaram. Os números de fevereiro foram os piores para o mês desde 2010. Em março, o mercado de carros novos não reagiu, como se esperava.