Título: Dilma confirma César Borges no comando dos Transportes
Autor: Rosa, Vera ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2013, Nacional, p. A5

Presidente retira ministro "técnico" para acomodar escolhido por cúpula do PR; reaproximação tem como objetivo reeleição

BRASÍLIA Em mais uma operação para obter apoio à campanha por um segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff cedeu ao comando do PR e trocou o titular dos Transportes. O novo ministro é o ex-governador baiano César Borges, que ocupava a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil. Borges substitui Paulo Sérgio Passos, que assumiu a pasta dos Transportes no rastro da "faxina" administrativa - demissões por suspeitas de corrupção e fraudes em ministérios - promovida no primeiro ano do governo Dilma, em junho de 2011.

Dilma resistiu o quanto pôde a trocar Passos. Depois de uma "novela" que durou mais de dois meses, porém, ela avisou o senador Alfredo Nascimento (AM), presidente do PR e ex-ministro da pasta, que só aceitaria a substituição se o escolhido fosse Borges. A posse será amanhã.

Apesar dos protestos da bancada na Câmara, que queria a indicação de um deputado federal, o ex-ministro Nascimento - que foi defenestrado da pasta - fechou acordo com Dilma, provocando um racha no partido. Caso não fosse contemplada, a direção do PR ameaçava apoiar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma em 2014.

Com a troca de ontem, sobe para quatro o número de mudanças no primeiro escalão. No último dia 15, a presidente fortaleceu o PMDB no governo e, a exemplo do que fez com o PR, também cedeu ao grupo do PDT que havia saído da Esplanada na esteira da "faxina".

PMDB. Na seara do PMDB, Dilma transferiu Wellington Moreira Franco da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) para a Aviação Civil, um ministério poderoso em tempos de concessões de aeroportos e obras para a Copa de 2014. Depois, para facilitar a montagem do palanque eleitoral em Minas, ela escalou o deputado Antônio Andrade, presidente do PMDB mineiro, para assumir o Ministério da Agricultura no lugar de Mendes Ribeiro.

Além disso, pressionada pela cúpula do PDT, nomeou o secretário-geral do partido, Manoel Dias, para a pasta do Trabalho, antes ocupado por Brizola Neto.

Dilma se reuniu ontem com Borges e Nascimento, no Palácio do Planalto, e selou a mudança. O ex-governador e ex-senador baiano ficou apenas dez meses na vice-presidência do Banco do Brasil. Agora, ele terá a missão de unir o partido para a campanha da reeleição.

O PR tem a oferecer a Dilma iminios por bloco na propaganda política. Em 2012, o partido não conseguiu substituir Passos e apoiou o ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, contra Fernando Haddad (PT). Desde que Nascimento caiu, em 2011, o PR se declarou "independente" nas votações do Congresso.

Passos é filiado ao PR, mas nunca teve trânsito com a cúpula partidária e era considerado da "cota" de Dilma. Ao anunciar a troca, a Presidência disse que Passos prestou "grande contribuição ao governo e ao País".