Título: Francisco pede fim dos conflitos em mundo ainda dividido pela ganância
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2013, Vida, p. A13

O papa Francisco foi direto ao foco dos conflitos e guerras, ao pedir paz para o mundo em sua primeira mensagem de Páscoa, lida do balcão principal da Basíli­ca de São Pedro, no Vaticano.

Francisco voltou a mostrar sua preocupação com a violên­cia no Oriente Médio, destaque na meditação da Via Sacra que presidiu na Sexta-feira da Pai­xão, no Coliseu. O papa lembrou o sofrimento de libaneses, israe­lenses, palestinos, iraquianos e sírios, que enfrentam a violência sem perspectiva de paz.

O papa pediu orações, em es­pecial, pelo Iraque e "sobretudo para a amada Síria, para a sua po­pulação vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que es­peram ajuda e conforto". Angus­tiado, Francisco perguntou: "Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar, antes de se en­contrar uma solução política pa­ra a crise?"

Ao falar da violência no conti­nente africano, o papa mencio­nou os conflitos no Mali, os aten­tados na Nigéria, e pediu paz pa­ra o leste da República Democrá­tica do Congo e para a República Centro-Africana, "onde muitos se veem forçados a deixar suas casas e vivem ainda no medo".

Referindo-se à Ásia, Francisco pediu sobretudo "para que sejam superadas as divergências e ama­dureça um renovado espírito de reconciliação" entre as Coréias.

Depois, estendeu seus anseios de paz "para o mundo todo ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, feri­do pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família; um egoísmo que faz continuar o trá­fico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século 21".

Ao anunciar que Cristo ressus­citou, o papa argentino disse que gostaria que essa "grande ale­gria", chegasse a cada casa, a ca­da família e, especialmente, on­de há mais sofrimento, como hospitais e prisões". Ao final da missa, Francisco percorreu a Pra­ça São Pedro no papamóvel, cum­primentando e abençoando a multidão. Beijou várias crianças de colo que os pais lhe apresenta­ram e abraçou, rosto no rosto, duas crianças aparentemente portadoras de paralisia cerebral.

Entre centenas de bandeiras carregadas pela multidão, so­bressaíam as da Argentina, levan­tadas por peregrinos entusias­mados, e de alguns dos países ci­tados, como o Líbano. Mais de 250 mil pessoas, segundo a Rá­dio Vaticano, lotaram a Praça São Pedro e as ruas vizinhas.

A cerimônia encerrou-se às 12h10 (7h10 no Brasil) com a bên­ção Urbi et Orbi (à Cidade de Ro­ma e ao mundo). Bandas da Guar­da Suíça e das Forças Armadas da Itália saudaram o papa com a execução de hinos.