Título: Reforma fica no discurso
Autor: Rabello, João Bosco
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2013, Nacional, p. A7

A semana parlamentar que se inicia amanhã traz de volta à pauta a proposta de refor­ma política, cuja aprovação não tem a expectativa sequer de seu autor, o deputado Henrique Fontana (PT-RS), para quem o tema não avan­ça por acordo. Quer votá-la, ciente de que, a exemplo da reforma tributá­ria, é um dos temas estigmatizados como lenda parlamentar.

Com esse diagnóstico, é de se pre­ver que uma vez submetida ao plená­rio a reforma política produza o efei­to que se convencionou chamar de "fatiamento". Mesmo assim, pouco se deve esperar, porque os partidos médios e pequenos formam uma maioria consistente em defesa de seus interesses.

PSB, PR, PTB e PDT, por exemplo, se opõem ao financiamento público de campanha e ao fim das coligações proporcionais, propostas de PMDB e PT, respectivamente. O primeiro, se li­vra dos nanicos que crescem nas elei­ções a partir de alianças efêmeras, sem qualquer afinidade ideológica, para au­mentar o tempo de televisão, como resu­me o presidente do partido, senador Waldir Raupp (RO).

O financiamento público de campa­nha é bandeira oportunista do PT, sem fins de aprovação, mas apenas como es­tratégia do partido para reduzir o des­gaste político do mensalão, disseminan­do a mensagem subliminar de que do mal padecem todos, independentemen­te da condenação do Supremo Tribunal Federal com base no Código Penal.

Por unir todos contra novos concor­rentes, propostas para impedir a cria­ção de novos partidos, mesmo não con­templadas no projeto de Fontana, têm chance de aprovação através de emen­das, uma delas já redigida pelo PMDB.

Caravanas municipais

Em tempos de campanha antecipa­da, adversários da presidente Dilma Rousseff questionam as "visitas téc­nicas" da ministra de Relações Insti­tucionais, Ideli Salvatti, aos prefei­tos. A oposição batizou o roteiro de "road show" pré-eleitoral. Ideli já foi a Sergipe e ao Mato Grosso do Sul e, na próxima semana, aterrissa no Es­pírito Santo. Nas reuniões, está sem­pre acompanhada de técnicos dos ministérios e gerentes dos bancos estatais. Oficialmente, a caravana visa à "capacitação dos novos prefei­tos", mas na prática é um contrapon­to às ações de Aécio Neves e Eduardo Campos no mesmo circuito.

Aprendiz

Com a reabilitação do PR, o general Jorge Fraxe, diretor-geral do Dnit, visitou os líderes do partido na Câ­mara, Anthony Garotinho (RJ), e no Senado, Alfredo Nascimento (AM). A ambos disse que aprenderá a ser "mais político" e flexibilizará sua agenda para receber parlamentares.

Na fila

Com uma bancada de 22 deputados e 6 senadores, o PTB intensificou a pressão pelo Ministério da Integra­ção Nacional, hoje com o PSB. O partido até se satisfaz com a vice- presidência do Banco do Brasil de­socupada pelo ex-governador da Bahia, César Borges, nomeado mi­nistro dos Transportes, na cota do PR. E já a pensa para o presidente da legenda, Benito Gama (BA). Mas avaliam os trabalhistas que a condi­ção de aliado e candidato do gover­nador de Pernambuco está perto do fim e tentam se colocar à frente da fila.

Deixa

O senador Aécio Neves (PSDB- MG) pegou carona no discurso de Eduardo Campos, que sugeriu à pre­sidente Dilma Rousseff a desonera­ção das companhias de saneamento do PIS e Cofins. Aécio, que tem uma PEC com essa proposta, provocou: "Quem sabe tenho apoio da base?".