Título: Feliciano recebe diploma em Salvador por ser defensor dos direitos humanos
Autor: Venturini, Lilian
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2013, Nacional, p. A8

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), recebeu anteontem, em Salvador, um diploma da Federação Brasileira de Defesa dos Direitos Humanos (FBDH). Alvo de pressão para que deixe a presidência do colegiado, Feliciano foi reconhecido pela entidade como "defensor dos direitos humanos". Em seu perfil no Twitter, o parlamentar disse ter ficado "emocionado" com a homenagem que recebeu.

A federação, composta por representantes da sociedade civil e líderes de igrejas católica, evangélica, entre outras, fez a entrega do diploma - que identifica o deputado como "Marcos" e não Marco - durante a visita do depu-tado a Salvador, onde ele participou de um culto. Segundo o presidente da FBDH, Elizeu Rosa, esse tipo de diploma é entregue a qualquer pessoa que desenvolva atividades sociais e tenha o nome aprovado pela entidade. Além do pastor, representantes de ativistas da causa gay na cidade teriam recebido o diploma. Durante o culto em Salvador, Feliciano manteve seu posicionamento de continuar na presi-dência da comissão. "Deixem falar, deixem criticar, logo seremos exaltados, aqueles que debocham verão a nossa vitória."

Elizeu Rosa explica que Feliciano foi homenageado em razão de seus trabalhos sociais, como os de apoio a usuários de droga. "O deputado é ficha limpa, tem um trabalho social e a instituição achou por bem que ele recebesse o diploma", explica Rosa. Ontem Feliciano prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal em processo em que é réu por estelionato.

O pastor vem sendo pressionado a deixar a presidência da comissão em razão de declarações consideradas racistas e homofóbicas. Para Rosa, no entanto, isso inviabiliza o diploma. "O deputado teve seus momentos de erro. Sou afrodescendente e sou contra a qualquer perseguição contra meus irmãos africanos. Mas não podemos pegar ao pé da letra. Ele já se desculpou."

Afronta. A ONG Conectas Direitos Humanos disse desconhecer a FDBH e definiu a entrega do diploma como uma "afronta". "O prêmio é uma afronta inaceitável aos milhares de brasileiras e brasileiros que se sentem discriminados pelas conhecidas declarações do deputado Feliciano e àqueles que lutam historicamente pelos direitos humanos no Brasil", disse a diretora executiva da ONG, Lucia Nader.

Elizeu Rosa diz que a federação acompanhará sua atuação na comissão. "Se a Câmara julgá-lo por homofobia ou racismo, o diploma dele será cassado automaticamente." Nota publicada no site da federação diz que é "muito sedo" (sic) para julgar o trabalho de Feliciano e considera sua eleição "legítima, democrática e legal".