Título: Coreia do Norte, discute plano para retirar estrangeiros de Pyongyang
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2013, Internacional, p. A12

A comunidade diplomática e representantes de organizações internacionais analisam a possibilidade de retirar parentes e todos os seus funcionários de Pyongyang, o principal alvo na hipótese de um conflito militar na Península Coreana.

A questão começou a ser discutida depois que o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte convidou os estrangeiros para uma reunião na tarde de ontem, na qual informou que pretende elaborar um plano de retirada diante da gravidade da situação. Agências de notícias ocidentais informaram que Pyongyang havia alertado que não garantiria a segurança dos estrangeiros depois do dia 10, mas fontes diplomáticas consultadas pelo Estado disseram exatamente o contrário - que o governo norte-coreano garantiria a integridade física dos diplomatas no país. O Itamaraty avaliava ontem a possibilidade de retirar os brasileiros que estão na Coreia do Norte.

O integrante do governo pediu aos representantes estrangeiros que informem até o dia 10 sua decisão: permanecer em Pyongyang, transferir o escritório a outra cidade da Coreia do Norte ou deixar o país. Segundo ele, o governo dará apoio logístico necessário a cada escolha.

A situação é a mais grave desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), afirmou a autoridade norte-coreana, que responsabilizou os EUA por colocar a península à beira de um conflito armado.

"Os norte-americanos trouxeram para a região submarinos nucleares e bombardeiros estratégicos, fazendo uma exibição dos mais modernos armamentos do mundo", declarou o integrante do ministério, de acordo o embaixador do Brasil em Pyongyang, Roberto Colin, que participou da reunião.

0 brasileiro informou o Ministério das Relações Exteriores no Brasil e espera a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos países europeus para avaliar o que fazer.

Uma das possibilidades é retirar do país sua mulher, Svetlana, e o filho de 10 anos, Danil.

O norte-coreano ressaltou que seu governo não tomará a iniciativa de realizar um ataque, mas responderá a eventuais agressões. Pyongyang intensificou sua retórica bélica há um mês, quando EUA e Coreia do Sul iniciaram exercícios militares conjuntos que estão entre os maiores do mundo, Pela primeira vez, Washington divulgou a participação nas operações do bombardeiro B-2, capaz de lançar armas nucleares e equipado com tecnologia1 que o torna "invisível" a radares.

Esse é um dos equipamentos mais temidos pela Coreia do Norte, que vê nos exercícios conjuntos uma preparação para a invasão de seu território. Em reação aos exercícios conjuntos, Pyongyang abandonou o armistício que colocou fim à Guerra da Coreia e ameaçou realizar ataques nucleares preventivos contra os EUA e a Coreia do Sul. Apesar da retórica, nenhum analista acredita que Pyongyang tenha capacidade para executar suas ameaças. -Vinte e cinco países têm representação diplomática em Pyongyang, onde também há escritórios de diversos organismos da ONU e de ONGs.