Título: Ossada que pode ser de militante é exumada no Rio
Autor: Grellet, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2013, Nacional, p. A9

Peritos da Polícia Federal exumaram ontem no Cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio, uma ossada que seria de Alex Xavier Pereira. Sua família tenta comprovar que o cadáver é do militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) desaparecido em janeiro de 1972, aos 22 anos.

Hoje se sabe que ele estava com um colega militante na Avenida República do Líbano, zona sul de São Paulo, quando foi morto a tiros por policiais da equipe B do Destacamento de Operações de Informações, do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/Codi). Mas sua morte não foi admitida pelo governo militar. Um irmão de Alex, o também militante Iuri Xavier Pereira, foi morto 146 dias depois, em junho de 1972, durante um suposto tiroteio na porta de um restaurante em São Paulo.

Buscas. Como os dois corpos desapareceram, a família passou a procurá-los em cemitérios. Em 1973 um tio dos irmãos localizou o corpo de Iuri no Cemitério Dom Bosco, em Perus, zona norte de São Paulo. Ele havia sido enterrado com o nome verdadeiro. Alex não constava da lista de enterrados, mas a família suspeitou que um homem enterrado como João Maria de Freitas pudesse ser Alex. Em 1979 a família pediu a transferência dos cadáveres para o túmulo da família, em Inhaúma, no Rio, o que foi feito em 1980.

Quando eles foram exumados, verificou-se que as características físicas não correspondiam. No local onde o corpo de Alex estaria enterrado havia o cadáver de uma mulher. Foram abertas outras sepulturas até se chegar a corpos com características condizentes com os irmãos, e os cadáveres foram transferidos para o Rio. "Em 1996 os corpos foram exumados e submetidos a exames", conta Iara Xavier Pereira, irmã das vítimas. "O Iuri foi identificado oficialmente por DNA, mas o corpo de Alex estava em piores condições e não respondeu à tecnologia da época", conta. Por isso a família pediu nova exumação, iniciada ontem.

"A conclusão dos exames vai depender de como os restos mortais vão reagir à tecnologia atual", diz Iara. A exumação foi acompanhada pelo procurador da República Sérgio Suiama.