Título: Míssil prestes a ser lançado tem DNA soviético e testes no Irã
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2013, Internacional, p. A12

Agências ocidentais de inteligência nunca monitoraram BM25, estima-se que seu raio de ação seja de 4 mil km.

O míssil da Coreia do Norte que pode iniciar um novo conflito regional, o BM25 Musudan, jamais foi testado pelas forças de Pyongyang - os ensaios foram feitos pelo parceiro no programa binacional para desenvolvimento da arma: o Irã.

O sistema é móvel. Há uma semana, duas baterias estão estacionadas na linha do litoral prontas para um exercício. O problema é que a posição sugere que o alvo, distante cerca de 4 mil quilômetros, é a Ilha de Guam, um complexo militar integrado manido pelos Estados Unidos.

Não é o míssil de maior alcance. Esse é o gigante Taepondog 2, 35 metros, três estágios, alcance estimado de 7 mil quilômetros e ; capacidade para transportar cargas de 700 quilos a uma tonelada. O peso de um artefato nuclear, capaz de chegar à Gosta Oeste americana, ao Alasca ou ao Havaí.

O Musudan foi criado há cerca de 20 anos por engenheiros da extinta União Soviética que ficaram desempregados com a desativação do Makeyev Design Bureau, encarregado de projetar armas estratégicas. Contratados pelo governo da Coreia do Norte, acabaram trabalhando também para o regime dos aiatolás do Irã. O resultado é um míssil

balístico com 4 mil km de raio de ação, cujas provas de funcionamento nunca foram monitoradas pelas agências ocidentais de inteligência. Mesmo na Rússia, o berço do BM25, há dúvidas. Em janeiro, o Ministério da Defesa informou que "o sistema é desconhecido77. Ressaltou porém que as 19 unidades em poder das forças iranianas "indicam que houve algum tipo de prova prévia".

O Taepodong 2 é uma aposta e tanto. Até 2009, tinha o desenho de um modelo feito para uma feira escolar de ciências. Em 2006, lançado rumo ao mar, falhou. Três anos depois, com o claro perfil de um dispositivo militar, voou até cumprir 40% da trajetória prevista e foi implodido - a rota projetada indicava o ponto de queda a 6.700 km.

Confronto. Os dois efetivos envolvidos na crise coreana são abrangentes e bem treinados. A tropa de Pyongyang é uma das maiores do mundo - soma 1,2 milhão de homens e mulheres. As reservas de mobilização em 72 horas chegam a 850 mil combatentes - com os de longo prazo, chega-se a 4,7 milhões.

Em Seul, são 650 mil soldados e 450 mil reservistas. A frota de tanques é de 4 mil no Norte e 2,7 mil no Sul, onde os modelos K-i são versões do americano Abrams, armados com canhões de 120 milímetros. A aviação da Coreia do Sul leva vantagem, alinhando 700 aeronaves, entre as quais os modernos F-15 Silent Eagle, da Boeing. Não há nada parecido entre os 570 aviões acima da zona desmilitarizada.