Título: FMI recomenda independência do BC
Autor: Amorim, Daniela ; Nunes, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2013, Economia, p. B4

A inflação não é um risco para as economias avançadas em franca recuperação, afirmou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao dar sinal verde para Estados Unidos, Japão e Europa manterem o aumento da liquidez entre seus instrumentos para estimular a atividade. Às economias emergentes e ao Brasil, onde a inflação em 12 meses ultrapassa 6% ao ano, o Fundo receita apenas a "independência do Banco Central".

"Em muitas economias emergentes e em desenvolvimento, como, por exemplo, o Chile, os bancos centrais independentes se tornaram mais eficientes para lidar com a inflação e também para apoiar o crescimento econômico em um ambiente de baixa inflação", afirmou John Simon, eco-nomista-sênior do FMI e coordenador do capítulo sobre a inflação do Panorama da Economia Mundial, documento cuja versão integral será divulgada na próxima semana, durante a reunião de primavera do Fundo e do Banco Mundial. "Há distinção entre a ; independência de fato e a independência dejúri. O que realmente importa é a independência prática", acrescentou, ao ser questionado sobre o caso do Brasil.

Simon preferiu não elucidar se o FMI considera o Banco Central do Brasil independente de fato. Com histórico de hiperinflação, o País fechou 2012 com taxa de inflação de 5,8%, medida pelo índice de Preços ao Consumidor (IPC), e o governo mantém uma estimativa de 5,7% para este ano.

O documento, entretanto, restringiu-se à análise do risco inflacionário nas economias avançadas. A percepção dos analistas sobre a inflação nas economias emergentes, particularmente nado Brasil, mostrou-se restrita aos pressupostos do estudo. Ao insistir na independência do ; Banco Central, Simon não consi-: derou outros fatores inflacionários que não estão na alçada da autoridade monetária, como a expansão dos gastos públicos e o ; grau de proteção comercial da economia. Ambos os fatores têm peso na inflação brasileira.

Entre as economias avançadas, a equipe coordenada por Simon concluiu ser o risco inflacionário comparável a um "cachorro que não late".

A expectativa nesses países é de inflação baixa porque a população confia na habilidade do banco central em manter o custo de vida sob controle. Depois, porque a inflação se tomou nesses casos menos responsável pelo altos e baixos da economia. O FMI ponderou que o ambiente de inflação baixa pode estimular a i complacência - "o que seria um erro" - e não evitou a bolha imobiliária na década passada.

"Em curto prazo, o cão não vai latir porque a combinação entre as expectativas de inflação ancoradas no centro da meta e a credibilidade dos bancos centrais fizeram a inflação se mover de forma mais lenta do que as caricaturas dos anos 70 poderiam sugerir", concluiu o estudo.

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