Título: A Petrobrás não pode gastar sem obter retorno
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2013, Negócios, p. B16

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Para especialista, decisões da estatal precisam ser econômicas, pois empresa enfrenta dificuldades de caixa

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, afirma que a ajuda governamental ao grupo X, do empresário Eike Batista, é válida desde que seja sustentável economicamente e não onere os cofres da Petrobrás.

No entanto, o especialista em energia demonstra ceticismo com a possibilidade de o negócio vira beneficiar a petroleira, que hoje está em uma situação de caixa “muito difícil” por conta de decisões políticas tomadas pelo governo.

# O sr. apoia um eventual socorro do governo ao grupo X?

Acho que é viável, basta o governo querer. Mas as coisas não deveriam ser feitas dessa maneira. Se é interessante, tem racionalidade econômica, bacana. O que não pode é a Petrobrás colocar dinheiro em um lugar sem retorno, para ajudar uma empresa. Não é correto.

• E há racionalidade econômica nesse apoio?

Aparentemente faz sentido ter investimento da Petrobrás no

Porto do Açu. Mas, nos últimos anos, o governo usou e abusou da Petrobrás, que ficou com uma situação de caixa muito difícil. Acho que a Petrobrás não deve ser usada, mais uma vez pelo governo, para fazer política. Chega de usar o dinheiro do acionista minoritário da Petrobrás para o governo ficar faturando votos.

» É o que vai acontecer, na sua opinião?

Não tenho informações suficientes para avaliar. Mas o governo tem de deixar a Petrobrás trabalhar e dar um pouco mais de atenção ao acionista minoritário. A Petrobrás não pode ser muleta nem para o Eike nem para ninguém.

0 Porto do*Açu pode ser útil à Petrobrás?

Pode. Um porto novo, moderno, próximo da Bacia de Campos. Uma das razões da construção do porto, o próprio Eike deixou isso claro, é a indústria petrolífera. Se a Petrobrás ve no porto utilidade para aumentar receita, otimizar as atividades na bacia, é válido. O que não pode é o governo impor a ajuda à empresa, sem que haja racionalidade econômica./S.T.