Título: Câmara do Uruguai aprova casamento gay
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2013, Vida, p. A18

A Câmara de Deputados do Uruguai aprovou na noite de ontem o casamento gay no país. A proposta, que já havia passada pelo Senado, teve o aval de 71 dos 92 deputados. Agora, o projeto será encaminhado ao presidente Jose Mujica, cujo partido apoiou a mudança, e deverá ser sancionado nos próximos dez dias.

Com a aprovação, o Uruguai passa a ser o terceiro país das Américas a legalizar o casamento homossexual - Argentina e Canadá também já adotaram medidas similares. No total, doze países já aprovaram legislação que autoriza o casamento gay. Outros, como é o caso do Brasil, já tiveram algum tipo de união estável considerada legal pelo poder judiciário.

"Nós estamos vivendo um momento histórico", afirmou Federico Grana, líder de um dos grupos de direitos dos homossexuais que ajudou na formulação da proposta. "Nós calculamos que os primeiros casais gays já poderão se casar em 90 dias após apromulgação da lei, ou seja, em meados de julho."

Enquanto alguns países conseguiram criar novos direitos para homossexuais sem afetar os casais heterossexuais, o Uruguai está criando um único conjunto de regras para todas as pessoas, gays ou não. Em vez de usar as palavras "marido e mulher" nos contratos de casamento, a nova lei prevê ouso de "partes contratantes". Todos os casais poderão adotar crianças ou fazer procedimentos de fertilização in vitro. A legislação também aumenta a idade mínima para que as pessoas possam se casar: de 12 anos para mulheres e 14 anos para homens para 16 anos para ambos os gêneros.

Fora do Congresso, casais gays de mãos dadas, travestis e transexuais pularam de alegria quando o resultado foi anunciado. Pessoas em costumes carregando bandeiras com arco-íris - símbolo do movimento gay - e com o brasão do Uruguai dançavam música eletrônica.

"Eu tenho todos os direitos e obrigações como todo mundo. Pago minhas taxas e cumpro minhas obrigações. Porque eu tenho de ser discriminado?", disse Roberto Acosta, um aposentado de 62 anos. Já a Igreja Católica do Uruguai afirmou que o conceito de igualdade nesse caso "não é justiça, mas uma assimilação inconsistente que só vai enfraquecer o casamento."/ap