Título: LULA: BRASIL NÃO PRECISA DE NOVO ACORDO COM FMI
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Fonte: O Globo, 23/02/2005, Economia, p. 25

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil não precisa renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, o país está mais forte com a manutenção do saldo positivo da balança comercial:

¿ O Brasil passou oito anos tendo déficit na balança comercial, pegando dinheiro emprestado do FMI para sanar seus débitos. Nós, agora, nem precisamos fazer acordo com o FMI. Vários setores passaram a exportar muito, pois nós viajamos vendendo as boas coisas que o Brasil produz. Não viajamos para pedir favor, nem para receber títulos.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem que, nos próximos dias, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deve informar se o país renovará ou não o acordo. Segundo ele, ¿as conversas estão sendo construídas de acordo com as perspectivas do presidente Lula¿.

Se o apoio de empresários e economistas pesar para o governo se decidir, o sinal verde já está dado. É unânime entre especialistas a postura de que a economia brasileira está mais forte, mas que um entendimento de forma preventiva com o FMI deve ser feito, como uma espécie de cheque especial.

¿ A renovação do acordo com o Fundo de forma preventiva poderia permitir que o Brasil recorra à instituição em caso de alguma turbulência no mercado internacional ¿ afirma o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio de Almeida.

Segundo ele, o Brasil ainda tem baixo volume de reservas internacionais e poderia ser pego desprevenido em caso de uma crise externa. Almeida lembra que as reservas líquidas do país estão hoje próximas a US$30 bilhões, sendo que o ideal seria o dobro desse valor.

Já o chefe de pesquisas econômicas do BCP Securities, Walter Molano, afirma que o acordo com o FMI deve ser renovado para dar um sinal ao mercado financeiro de que o Brasil vai manter sua política econômica austera, além de se prevenir:

¿ Sempre que o Brasil termina um programa com o FMI e diz que não vai renová-lo, alguma coisa negativa ocorre no mercado internacional.

Já Armando Castellar, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca que o custo de renovar o acordo com o FMI é baixo para o governo:

¿ O Brasil tem conseguido cumprir com tranqüilidade as metas com o FMI e o custo do dinheiro do Fundo é baixo.