Título: Lula retoma consultas para reforma
Autor:
Fonte: O Globo, 24/02/2005, O País, p. 9

Além de mudanças no Ministério, presidente negocia aprovação da MP 232

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou as consultas para fazer a reforma ministerial em março e deve aproveitar as negociações para aprovar a polêmica Medida Provisória 232 ¿ que aumenta o Imposto de Renda para prestadores de serviço. A idéia é aproveitar o momento para fazer um teste de como está a força do governo no Congresso.

Segundo um ministro petista, com a derrota na Câmara, os aliados tentaram transformar Lula em refém, mas o presidente não vai aceitar esse jogo e resolveu esperar mais um pouco para fazer a reforma.

Pressionado pelo PT para reformular a coordenação política, Lula passou a avaliar a possibilidade de substituir o ministro Aldo Rebelo. A pressão mais forte neste sentido é do grupo próximo ao chefe da Casa Civil, José Dirceu. Quem também corre risco de perder o cargo é o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP). Grupos no PT querem o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) como opção para um dos dois cargos.

Ciro voltou a ser visto como curinga para a reforma

Já o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, voltou a ser visto como curinga, podendo ser deslocado para outras pastas caso Lula precise acomodar aliados. A tendência é de que o PP de Severino Cavalcanti ganhe um ministério. Lula também deve usar estatais para contemplar integrantes da base.

Outra situação complicada é a do Ministério da Saúde, que agora enfrenta a falta de remédios contra a Aids. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos informou que o ministro Humberto Costa foi avisado com antecedência sobre as falhas que resultaram na atual falta de medicamentos. A assessora especial da secretaria, Marília Cunha, reafirmou que Costa foi avisado:

¿ O secretário Luiz Carlos Bueno de Lima alertou o ministro. Não sei se ele tomou alguma providência. Se as falhas tivessem sido corrigidas, não teria ocorrido a falta de remédios.

O ministério informou que só hoje vai se pronunciar sobre as acusações. Segundo o ministério, o abastecimento de remédios será normalizado nos próximos dias.