Título: INDÚSTRIA PAULISTA PERDEU FÔLEGO EM JANEIRO
Autor:
Fonte: O Globo, 25/02/2005, Economia, p. 26

A seguida alta dos juros já começa a afetar a indústria paulista, cujo ritmo de expansão perdeu força em janeiro. O Indicador de Nível de Atividade (INA), medido pela Federação e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp, respectivamente), apresentou queda de 3% na comparação com dezembro, considerando o ajuste sazonal. Foi o pior resultado para o período nos últimos quatro anos. Sem esse ajuste, a retração chega a 5,1%. Tanto a Fiesp como o Ciesp preferem falar em acomodação em lugar de queda da produção, mas admitem a influência dos juros sobre o resultado.

¿ Janeiro talvez seja o início da colheita do efeito dos juros altos. O gato subiu no telhado ¿ disse o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini.

Ciesp: economia real tenta compensar Selic

Pela pesquisa divulgada ontem, as horas trabalhadas na produção em janeiro caíram 3,3% frente a dezembro, enquanto as vendas reais registraram baixa de 8,4%. A maior incógnita agora é avaliar os desdobramentos do resultado do mês passado. Por ora, os empresários dizem que só no final do primeiro trimestre será possível dizer com mais segurança se a indústria paulista se acomodou mesmo em um patamar de produção ainda forte, porém abaixo do de 2004, ou se iniciou um caminho de queda nos próximos meses.

Segundo o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, isso vai depender da própria trajetória futura dos juros e também da resistência que indústria e comércio criaram à elevação da taxa básica nos últimos seis meses. Segundo ele, a ¿economia real¿ criou mecanismos para compensar o peso dos juros, e a arma mais forte para isso tem sido a ampliação dos prazos de financiamento para que ¿as prestações caibam no bolso do consumidor¿.

¿ Há uma perda de velocidade, de dinamismo, da produção, e por trás disso há uma conjuntura que nos preocupa, de juros altos, dólar e peso dos impostos. Não obstante todos esses fatores, há uma resistência à Selic ¿ afirmou Tabacof, acrescentando que essa resistência retardou os efeitos da alta dos juros sobre as vendas e a produção industrial.

Melhores resultados ficaram com setor exportador

Tabacof citou como exemplo os acordos para ampliação do crédito envolvendo grandes redes de varejo e os bancos.

A exemplo do que aconteceu ao longo de 2004, os setores voltados para o mercado externo continuaram a apresentar os melhores resultados. Um deles foi o de material eletrônico e equipamento de comunicação, cujo INA em janeiro fechou com alta de 0,5% na comparação com dezembro passado. Sobre janeiro de 2004, a alta chega a 34,6%. Na contramão, o segmento de alimentos e bebidas ¿ que depende da recomposição do poder de compra dos trabalhadores ¿ registrou queda de 11,2% frente a dezembro.

Ciesp e Fiesp atualizaram o resultado INA no fechamento de 2004, que passou de 8,5% para 9%.