Título: Dirceu nega crise mas admite que PP de Severino poderá integrar governo
Autor: Isabel Braga e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 01/03/2005, O País, p. 8

¿Não existe crise política e os investidores aqui não estão preocupados com crise política no Brasil¿. A afirmação é do chefe da Casa Civil, José Dirceu, referindo-se à tempestade criada pela declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que mandou abafar denúncias de corrupção no governo Fernando Henrique. Em sua primeira viagem a Nova York como ministro, Dirceu fez ontem palestra para empresários da Câmara de Comércio Brasileira-Americana.

Após um momento de impasse, fruto das eleições nos EUA e da prioridade nas negociações da OMC, a retomada das negociações entre o Brasil e Estados Unidos é um bom sinal, disse o ministro, lembrando os dois dias de encontro entre os representantes dos dois governos em Washington semana passada.

Reportagem relata derrota do PT na Câmara

Se, publicamente, os empresários pareciam dar razão a Dirceu, nos bastidores, a política interna brasileira era o tema predominante, avivado por uma reportagem do ¿New York Times¿ em que o jornal relata a derrota do PT na Câmara com a eleição de Severino Cavalcanti e a divisão interna do partido.

¿ A oposição está fazendo oposição e buscando criar instabilidade política a partir das declarações políticas do presidente. Não vejo base para isso. São públicos e notórios os fatos sobre a privatização do BNDES. Há uma disputa política, e é assim na democracia ¿ disse Dirceu.

Dirceu negou com veemência a hipótese de o governo estar barganhando cargos com o PP de Severino para barrar a representação do PSDB contra Lula. O ministro, porém, não nega a inclusão do partido na reforma ministerial e lembra que desde 2004 o presidente convidara o PP a integrar o governo.

Dirceu disse ainda que o PT tem maioria na Câmara e negou qualquer crise entre o governo e o PP. Negou também qualquer crise de governabilidade:

¿ Como é público e notório, o deputado Severino Cavalcanti votou com o governo e o PP apoiou o governo nesses dois anos. Não existe crise.

Em São Paulo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, classificou ontem de ¿profunda injustiça¿ imaginar que o governo tenha jogado um escândalo de corrupção ¿para baixo do tapete¿: