Título: Inquéritos arquivados
Autor: Rodrigo Rangel, Jailton de Carvalho e Heliana Fraz
Fonte: O Globo, 01/03/2005, O País, p. 10

De acordo com o Código Penal Militar, todo crime doloso praticado por militar contra civil no Brasil, em tempo de paz, exige a abertura de inquérito policial-militar (IPM). Mas IPMs de casos de grande repercussão acabaram arquivados e sem punição para os culpados. Isso aconteceu com os inquéritos que investigaram o atentado a bomba no Riocentro, em 30 de abril de 1981, e o que destruiu, em maio de 1989, em Volta Redonda (RJ), o monumento de Oscar Niemeyer em homenagem aos três operários mortos por tropas do Exército na greve da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1988.

A obra foi destruída com explosivos plásticos de uso exclusivo das Forças Armadas. O IPM que investigou a suposta participação de militares foi arquivado no Superior Tribunal Militar (STM). O Riocentro teve dois IPMs: o primeiro concluiu que os dois militares envolvidos ¿ um morreu, o outro foi gravemente ferido ¿ tinham sido vítimas de atentado. Em 1999 novo IPM foi aberto, após uma série de reportagens do GLOBO, na qual o legista que fez a necropsia do sargento morto afirmava que ele carregava a bomba no colo e o general da reserva Newton Cruz, chefe do SNI à época, admitia ter sido avisado do atentado uma hora antes da explosão. Mas o STM decidiu pelo arquivamento.