Título: INSS: Justiça decide ampliar prazo de prisão de fiscais
Autor: Chico Otavio e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/03/2005, O País, p. 11
O juiz Flávio Roberto de Souza, da 3 Vara Federal Criminal do Rio, decretou ontem a prisão preventiva de 11 auditores fiscais envolvidos em fraude contra a Previdência Social. O grupo, acusado de receber propina para quitar ilegalmente débitos de empresas, está preso deste quinta-feira, mas por força de prisão temporária (prazo de cinco dias).
No pedido ao juiz, os procuradores Fábio Aragão e Vinícius Panetto alegaram que precisavam de mais tempo para analisar o material apreendido.
Ao todo, 15 auditores são acusados de integrar uma quadrilha que extorquia dinheiro de mais de 140 empresas há cerca de dez anos. Dois continuam foragidos ¿ Francisco José dos Santos Alves e Paulo José Gonçalves Mattoso ¿ e outros dois foram apenas indiciados, ficando em liberdade.
Irregularidades não eram informadas ao INSS
Os auditores encontravam irregularidades contábeis nas empresas, mas não as comunicavam ao INSS. Optavam por cobrar propina para camuflar as dívidas. Cálculos preliminares indicam que o rombo deve chegar a R$ 3 bilhões, segundo os procuradores responsáveis pelo caso e o delegado federal Anderson Bichara. A conclusão foi tomada a partir da análise inicial do material apreendido nas residências dos fiscais.
¿ O rombo, ao que parece, é o triplo do que se projetava com as investigações preliminares da força-tarefa ¿ disse o procurador Fábio Aragão.
Lula cobra controle mais eficaz na Previdência
Na reunião do núcleo de coordenação política do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua preocupação com as fraudes no INSS. Lula mostrou-se indignado com a ação da quadrilha do Rio. E cobrou dos ministros uma forma mais eficaz para controlar a corrupção na Previdência.
¿ É preciso evitar o desvio de recursos públicos. Como podemos ser surpreendidos com um rombo de R$ 1 bilhão? Isso faz uma diferença enorme nos cofres do governo. Temos que combater a fraude na raiz! ¿ disse Lula.