Título: Azevedo indica fim da alta dos juros
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 01/03/2005, Economia, p. 27

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Rodrigo Azevedo, reforçou ontem as indicações da própria instituição de que a trajetória de alta da taxa básica de juros, a Selic, pode ter chegado ao fim. Durante seminário em São Paulo promovido pela Federação Nacional dos Bancos (Febraban), ele disse que aumentou a probabilidade de a inflação convergir para a meta perseguida pelo BC de 5,1% em 2005. Ainda na sua avaliação, a política monetária tem sido eficaz e adequada para ¿lidar com as atuais pressões¿.

¿ A probabilidade de que a inflação se aproxime do centro da meta é maior hoje do que quando o BC iniciou o atual ciclo de elevações dos juros, há seis meses ¿ afirmou Azevedo para uma platéia de cerca de 300 executivos de bancos.

Respondendo à pergunta de um dos presentes, o diretor do BC disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) não deixou de lado seus modelos econométricos para a fixação dos juros ¿ leitura feita pelo mercado a partir da ata da reunião de janeiro do Copom.

BC não descarta piora no cenário externo este ano

Segundo ele, apesar de existir ¿algum espaço para a arte¿, a ciência ¿continua tendo uma porcentagem bastante grande¿ nas decisões do colegiado.

¿ (O modelo) continua sendo importante como sempre foi, mesmo neste contexto de novos desafios no processo de modelagem ¿ disse.

Em sua apresentação, Azevedo afirmou que o BC não descarta uma piora do cenário externo até o fim do ano e que, por isso, o momento atual deve ser aproveitado para recompor as reservas internacionais do país. Os riscos estão relacionados principalmente à trajetória futura dos juros nos Estados Unidos para financiar os chamados déficits gêmeos do país (fiscal e comercial).

¿ Existe uma potencialidade de riscos adversos, e precisamos estar protegidos contra isso para reduzir a vulnerabilidade das contas externas ¿ disse Azevedo.

Para o diretor do BC, o ritmo de desaceleração da economia mundial é menor hoje do que o previsto no fim do ano passado, o que significa neste momento a manutenção de um fluxo positivo de divisas para o Brasil. Mas o BC não descarta a hipótese de os EUA reverem sua política interna e acelerarem a alta dos juros.

Azevedo mostrou os dados mais recentes sobre a elevação do nível de reservas do país e a redução do passivo cambial.

Volume de reservas atingiu US$ 58,6 bi em fevereiro

Após acumular mais US$ 5,3 bilhões em novas reservas em 2004, o BC computou em janeiro deste ano a entrada de US$ 2,6 bilhões. Ele disse que em fevereiro, segundo dados preliminares, o número também deve ser positivo. Segundo Azevedo, as reservas brutas saltaram de US$ 50 bilhões em novembro de 1999 para US$ 58,6 bilhões em 24 de fevereiro deste ano (último dado do BC). Ele afirmou que a decisão de apressar a compra de reservas não está relacionada a uma possível não-renovação do acordo com o FMI.