Título: LULA REFORÇA NECESSIDADE DE ALIANÇAS EM 2006 PARA GARANTIR A REELEIÇÃO
Autor:
Fonte: O Globo, 27/02/2005, O País, p. 14

A eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara acendeu o sinal amarelo no Palácio do Planalto: se governo e PT não começarem a se aproximar dos aliados, ficarão isolados em 2006. Diante disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reforçando recados já enviados ao PT de que pretende fortalecer, no ano que vem, as alianças regionais com os partidos da base. Isso significa que, em nome do projeto de reeleição, Lula está disposto a sacrificar pretensões petistas país afora.

Segundo interlocutores do presidente, diferentemente de 2002, quando o PT lançou candidatos em quase todas as capitais e grandes cidades, em 2006 não serão aceitas candidaturas petistas que possam prejudicar aliados. O que está em jogo é a reeleição e Lula não quer problemas com a base.

Para o ministro Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Lula não deve abrir mão de comandar as articulações do PT:

¿ Em 2006, o jogo é outro. Trata-se da reeleição. Lula vai preparar o partido para priorizar a eleição presidencial, o que significa uma disposição maior para alianças nos estados.

Em Goiânia, articulação entre PT e PMDB

Antes mesmo da eleição de Severino, Lula já deixava claro que pretendia ampliar as alianças partidárias nos estados. Em recente viagem a Goiânia, chamou o ex-prefeito Pedro Wilson (PT) para uma conversa. Na frente do senador Maguito Vilela (PMDB), o presidente disse que queria uma aliança. Pedro Wilson é pré-candidato do partido ao governo de Goiás. Em 2004, ele disputou e perdeu a prefeitura para Íris Rezende (PMDB).

¿ Nada de lançar candidatura. Aqui, vamos apoiar Maguito ¿ avisou Lula.

Em conversas fechadas, Lula defende acordo no maior número de estados, com o PT cedendo a cabeça de chave. Entre as alianças defendidas publicamente, estão as pré-candidaturas do PMDB em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Ceará e Roraima. Os partidos da base, fortalecidos após a eleição de Severino, agora jogam duro com o governo.