Título: GOVERNO NÃO ESTARIA DISPOSTO A ESTENDER PRAZO
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Fonte: O Globo, 27/02/2005, Economia, p. 35

O governo estaria disposto a não mais atuar no Congresso para ampliar o prazo e beneficiar a Varig. Se depender da Fazenda, ficam os seis anos. Neste caso, a Varig não terá vantagem em aderir à nova Lei da Falências, porque as condições do refinanciamento atual são mais favoráveis (15 anos com TJLP).

A Varig também queria pagar apenas o principal da dívida, sem juros e multa. Esse pedido também foi considerado inviável pelo governo. No projeto em tramitação no Congresso, a taxa usada é a Selic.

O governo também corre contra o tempo para evitar críticas de que não se empenhou para criar os instrumentos necessários ao funcionamento da Lei de Falências. Segundo um interlocutor do Palácio do Planalto, já é quase certo que será pedida urgência urgentíssima para o projeto, pois a nova legislação entra em vigor em 9 de junho.

Analistas alertam para mudanças no setor de aviação

Para especialistas do setor e tributaristas, a Lei de Falências pode resolver apenas o problema da dívida da Varig com credores, como Infraero, Banco do Brasil, BR Distribuidora, General Electric e Boeing, entre outros. Segundo o advogado, Sérgio Bermudes, a Lei de Falências por si só não resolve o problema da Varig nem de nenhuma outra empresa. Ele afirma a recuperação judicial dependerá de um bom plano, viabilidade econômica da companhia e confiança dos credores para renegociar os débitos:

¿ A lei dá ao cirurgião os melhores instrumentos para fazer a cirurgia, mas se o paciente não responde vai morrer.

Outros especialistas, que não quiseram ser identificados, afirmam que a Varig só será viável se o governo ajudar, seja com injeção de recursos ou alongamento da dívida. Só que, segundo fontes envolvidas nas negociações, o governo quer uma solução de mercado para a Varig, ou seja, a saída tem de vir da própria empresa.

Além disso, a Varig só poderia aderir à recuperação judicial em junho e terá seis meses para apresentar um plano. Para os analistas, esse tempo pode ser muito longo, devido ao fim da alta temporada e do code-share com a TAM, em junho. Especialistas também alertam para mudanças na aviação civil, com a entrada no mercado de BRA, CVC e Ocean Air, além do fortalecimento das concorrentes TAM e Gol em rotas internacionais.