Título: SHARON AMEAÇA CONGELAR ESFORÇOS PELA PAZ
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Fonte: O Globo, 28/02/2005, O Mundo, p. 17

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, anunciou que está elevando as medidas militares e que vai congelar os esforços de paz a menos que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) reprima os grupos terroristas. Além disso, Israel aumentou a pressão sobre a Síria, a quem acusa de envolvimento no atentado de sexta-feira em Tel Aviv que matou quatro pessoas.

¿ Não haverá qualquer progresso diplomático até que os palestinos adotem uma ação rigorosa para acabar com os grupos terroristas ¿ afirmou.

O premier disse que ¿o teste imediato¿ para Mahmoud Abbas, presidente da ANP, era agir contra a Jihad Islâmica, que reivindicou o primeiro ataque fatal em Israel desde novembro. Mais tarde, Sharon foi além ao declarar que Israel já estava adotando medidas militares.

¿ Estamos elevando nossas operações contra o terror ¿ declarou.

Uma fonte no governo israelense informou ainda que Israel reconsidera a libertação dos 400 prisioneiros palestinos ¿ parte do acordo feito em Sharm el-Sheikh, no dia 8, que pôs em liberdade 500 palestinos semana passada.

¿ Não faz sentido libertar presos enquanto o terrorismo continua. Seria um prêmio para o terror ¿ disse a fonte.

Em conversa com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, Sharon reclamou que Abbas ainda não tomou medidas práticas contra o terror e disse que ¿sem medidas ativas não haverá qualquer movimento¿ para implementar o mapa da paz.

Para o ministro palestino da Informação, Ghassan al-Khatib, as ameaças de Sharon são ¿uma receita para mais violência¿.

A ANP condenou o ataque e prendeu três suspeitos no sábado. Mas Israel disse que esperava uma repressão maior, com uma ¿operação mais consistente¿ e o confisco de armas.

Israel aumentou também a pressão sobre a Síria, um dia após acusar líderes da Jihad Islâmica no país de ordenarem o ataque. O vice-ministro da Defesa, Zeev Boim, afirmou que era possível um ataque israelense na Síria. O tom, no entanto, foi baixado pelo vice-premier, Shimon Peres:

¿ A Síria está envolvida em muitas coisas terríveis e os Estados Unidos lideram no momento a iniciativa contra o país. Deixemos eles cuidarem disso.

No Cairo, o ministro do Exterior sírio, Farouq al-Shara, negou envolvimento no atentado.

Oposição libanesa desafia o governo

O Ministério do Interior libanês ordenou às tropas que usem todos os meios para evitar os protestos contra a Síria organizados pela oposição, que conclamou a população a ir às ruas de Beirute e a uma greve de um dia. A oposição acusa a Síria de envolvimento na morte do ex-premier Rafik Hariri e exige a retirada das tropas sírias do país.

¿ Nós vamos em frente. Eles não podem evitar que sigamos pacificamente, democraticamente e pagando tributos a Hariri no dia em que o Parlamento planeja perguntar quem o matou ¿ desafiou Walid Jumblatt, principal figura da oposição.

O governo pró-Síria pode enfrentar hoje uma moção de desconfiança. Aumentando a crise, três ministros renunciaram, informou ontem à noite a deputada da oposição Nayla Moawwad, diante da multidão reunida no centro de Beirute.