Título: ALTA DO PREÇO DO AÇO QUASE DOBRA LUCRO DA CSN
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Fonte: O Globo, 02/03/2005, Economia, p. 34

Mesmo com uma queda de 5,1% no volume de vendas, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) quase dobrou seu lucro em 2004. De acordo com o balanço divulgado ontem, a empresa ganhou R$1,982 bilhão no ano passado, o que representou aumento de 92,2% em relação ao R$1,031 bilhão registrado em 2003. A queda nas vendas foi compensada com folga pelos reajustes de preço do aço, que variaram entre 50% e 80%.

Para uma produção total de 5,5 milhões de toneladas de aço (3,8% a mais do que no ano anterior), o volume de vendas em 2004 caiu 5,1%, para 4,7 milhões de toneladas ¿ contra 5 milhões em 2003. A CSN atribuiu o resultado à recomposição de estoques de produtos acabados. Em compensação, a receita financeira líquida saltou para R$9,8 bilhões, um novo recorde histórico. Na comparação com 2003, houve um crescimento de 40,5%.

Depois de reajustar o preço dos laminados em 4% no início deste ano, a companhia garante não ter previsão de novos aumentos pelo menos até junho. O diretor de Investimentos e Relações com Investidores da CSN, Lauro Rezende, avaliou ontem que pode haver uma menor demanda por parte de alguns setores ¿ como automotivo e o de linha branca ¿ que entraram o ano com estoques mais elevados.

Companhia alinhou preços no Brasil e no exterior

Ao longo de 2004, a CSN equiparou os preços no mercado interno e externo (mais alto), o que provocou reclamações de seus principais clientes. Em relatório que acompanha o balanço, os executivos da empresa afirmam que o nível médio de preços em 2005 tende a ser superior ao de 2004, ¿tanto no mercado doméstico como no internacional¿. Terá grande influência nessa equação o preço das matérias-primas, principalmente o minério de ferro (a Vale do Rio Doce já conseguiu reajustar seus preços em até 71,5%).

A CSN tem uma vantagem comparativa importante em relação a outros concorrentes: ela é auto-suficiente na produção de minério. A empresa é dona da mina Casa de Pedra, cuja produção é hoje de 15 milhões de toneladas por ano. Deste volume, 8,5 milhões são utilizados pela CSN, que revende o restante a terceiros.

¿ Vamos vender (o excedente de minério de ferro da Casa de Pedra) pelo preço que outros venderem ¿ afirmou Lauro Rezende.

Com US$1,8 bilhão em caixa, a siderúrgica pretende investir US$520 milhões neste ano, contra cerca de US$300 milhões em 2004. Os recursos da CSN serão usados na ampliação da produção da Casa de Pedra, na construção de uma fábrica de pelotização e na modernização de sua estrutura no Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro.

No mercado, as atenções estão voltadas para o desdobramento do anúncio de que a família Steinbruch vai comprar a participação dos sócios Rabinovich tanto na CSN como na Vicunha Têxtil. A operação é avaliada em até US$1 bilhão. O diretor da CSN negou os rumores de que, depois disso, a siderúrgica poderia ser vendida a outro controlador.