Título: FONTELES DEIXA PARA SEMANA QUE VEM DECISÃO SOBRE INVESTIGAÇÃO CONTRA LULA
Autor: Adriana Vasconcelos e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 03/03/2005, O País, p. 9

Procurador diz, porém, que não pretende analisar discurso isoladamente

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, informou ontem que só se pronunciará no fim da próxima semana sobre a interpelação apresentada pelo PFL, com apoio de PSDB e PDT, pedindo investigação sobre as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que teria mandado abafar denúncias de corrupção do governo Fernando Henrique. Fonteles antecipou, porém, que não pretende analisar o discurso de Lula isoladamente.

- A gente não pode pegar uma frase isolada. É fundamental ver o contexto em que foi proferida - disse o procurador, após uma visita de cortesia ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Segundo Fonteles, cidadãos comuns também apresentaram pedido de interpelação contra Lula. Ele garantiu que examinará todos de uma só vez:

- Não é apenas o pedido da oposição. Há pedidos de cidadãos comuns também. Não farei fila. Vou pôr todos num procedimento apenas e examinar.

Lula ironiza repercussão do assunto na imprensa

Na primeira oportunidade que teve de comentar com a imprensa seu polêmico discurso feito em Jaguaré, o presidente Lula sugeriu ontem que houve exageros na repercussão. Respondendo a pergunta de jornalista sobre o tema, no Uruguai, limitou-se a dizer:

- Um dia eu vou perguntar para a imprensa o que ela achou da repercussão do assunto - disse Lula.

Severino descarta ligação entre atraso e reforma

Já o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que vai analisar com carinho a interpelação do PSDB para que Lula se explique. Severino afirmou que quer ver como PSDB e PT trataram situações semelhantes passado. E negou que seu partido, esteja pressionando para que ele não tome uma decisão até o anúncio da reforma ministerial.

- Reforma ministerial? Não tem nada a ver uma coisa com a outra. A reforma ministerial já vem sendo discutida há mais de dois meses, não é agora, porque tem essa posição, que o presidente vai tomar posição não. Isso é intriga - disse.