Título: BC COMPROU EM FEVEREIRO US$4,6 BI, VOLUME 76,9% MAIOR QUE O DE JANEIRO
Autor: Ênio Vieira e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 03/03/2005, Economia, p. 32

Reservas do país subiram de US$54 bi em janeiro para US$60 bi

BRASÍLIA e RIO. O Banco Central (BC) comprou em fevereiro US$4,6 bilhões no mercado de câmbio para aumentar as reservas internacionais - numa ação que ajuda também a conter a desvalorização do dólar frente ao real. Foi uma alta de 76,9% em relação às compras médias de US$2,6 bilhões em dezembro de 2004 e janeiro deste ano. As operações foram possíveis devido à sobra de recursos no mercado. Com as compras e três captações externas do governo, as reservas do Brasil subiram de US$54,022 bilhões em janeiro para US$60,155 bilhões na última sexta-feira.

Deste total de reservas, uma parcela de US$24,5 bilhões se refere ao acordo com o FMI. O restante pode ser usado para o pagamento de dívida externa. Só em abril a despesa prevista é de US$3,9 bilhões com vencimentos de títulos públicos no mercado internacional. O Tesouro Nacional também vem adquirindo dólares para honrar compromissos externos.

Dólar sobe 0,95% e fecha cotado a R$2,643

O que possibilitou uma entrada forte do BC no mercado são os recursos oriundos das exportações. Em fevereiro, houve um saldo total de US$3,943 bilhões no movimento de contratos de câmbio, frente a um superávit de US$1,313 bilhão em igual mês do ano passado. Os contratos de comércio exterior geraram um saldo de US$3,519 bilhões no mês, bem acima do US$1,719 bilhão de fevereiro de 2004. Além disso, os bancos ofereceram US$696 milhões ao mercado. Em 2005, o saldo cambial está em US$5,283 bilhões, frente aos US$4,681 bilhões nos dois primeiros meses do ano passado.

Ontem, o BC fez mais um leilão de contratos de swap cambial, que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro e são outro instrumento de atuação no câmbio que a autoridade monetária tem usado. O dólar já abriu em alta - diante da expectativa em torno do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Alan Greenspan - e o BC vendeu todo o lote de 40 mil contratos, equivalentes a US$1,96 bilhão. Além disso, a instituição comprou dólares no mercado à vista, a R$2,635. Com isso, a moeda fechou em alta de 0,95%, cotada a R$2,643.

Ao contrário do que esperavam os analistas, o discurso de Greenspan na Câmara dos Deputados não deu sinais claros sobre a trajetória dos juros nos EUA, o que trouxe alívio para os investidores. O presidente do Fed disse que o atual déficit orçamentário pode ser "desestabilizador", prejudicar a economia e levar a juros mais altos a longo prazo.

Diante do discurso de Greenspan, o risco-Brasil recuou 0,76%, para 390 pontos centesimais. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), encerrou os negócios em alta de 1,69%.