Título: CONTRA CORTES, MLST AMEAÇA INVADIR
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 05/03/2005, O País, p. 14

Movimento quer que Lula reveja decisão de mudar orçamento da reforma agrária

BRASÍLIA. O Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) deu prazo de duas semanas ao governo para rever a decisão de cortar R$2 bilhões no orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Caso o pedido não seja atendido, o grupo ameaça fazer uma grande mobilização nacional em março, antecipando-se ao "abril vermelho" do Movimento dos Sem Terra (MST). As ações seriam ocupações de prédios do Incra, invasões de terras e um grande evento em Brasília, que está sendo mantido em sigilo.

Ontem, o coordenador nacional do MLST e integrante da executiva do PT, Bruno Maranhão, protocolou no Palácio do Planalto uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas à atuação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

- Com essa medida, Palocci pode virar o inimigo número 1 da reforma agrária em menos de um mês - disse Maranhão, referindo-se ao corte na pasta de Miguel Rossetto.

O MLST, movimento mais à esquerda que o MST, é hoje o segundo maior grupo de sem-terra do país, já atua em dez estados e tem 40 mil assentados. Para outubro, o grupo programa um congresso nacional em Brasília com mais de mil integrantes.

Governo corre risco de não cumprir metas, diz sem-terra

Segundo Maranhão, o governo corre risco de não cumprir a meta de assentar 115 mil famílias este ano. Em 2004, Lula recebeu no Planalto os coordenadores do MLST e assumiu o compromisso de assentamento para este ano. Na carta a Lula, Maranhão afirma que o contingenciamento pode "liquidar definitivamente com as famílias que você (Lula) prometeu assentar".

- A decisão de corte é um golpe mortal na reforma agrária. Vai deixar o ministério esvaziado - disse Maranhão.

Ele afirmou que o MLST vai procurar o MST e a Contag para fazer uma mobilização conjunta contra o corte no orçamento da reforma agrária. A idéia é fortalecer a posição do ministro Miguel Rossetto e apoiar as críticas ao contingenciamento.