Título: G-7 E FMI PRESSIONAM ARGENTINA
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 05/03/2005, Economia, p. 27

Objetivo é obter solução para credores que recusaram renegociação

BUENOS AIRES. Um dia depois de o governo do presidente Néstor Kirchner ter anunciado o resultado da operação de reestruturação da dívida pública argentina, o país voltou a ser alvo de pressões da comunidade financeira. Representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) exigiram que a Argentina ofereça uma solução aos credores que não aderiram à oferta do país, posição que está em sintonia com o G-7 (grupo de países mais ricos do mundo), segundo informações extra-oficiais que circularam ontem no país.

Segundo o ministro da Economia, Roberto Lavagna, foram renegociados 76,07% da dívida pública envolvida no calote decretado em dezembro de 2001. O resultado foi considerado bom, porém insuficiente, pela comunidade financeira internacional.

- Boa parte dos credores da Argentina não aceitou a oferta. O país deve agora indicar como pretende tratar com boa fé uma parte consistente de seus credores - afirmou o representante do FMI para a Itália, Pier Carlo Padoan, em entrevista ao jornal "Il Messaggero".

Os credores italianos detinham 15% do total da dívida argentina em moratória. Dos US$81,8 bilhões incluídos na moratória argentina - o montante total atinge US$102,5 bilhões se forem somados principal e juros - foram renegociados US$62,2 bilhões. O governo Kirchner insistiu em dizer que a operação não será reaberta, deixando claro que quem não aceitou a oferta não terá outro caminho a seguir a não ser um processo na Justiça.

Hoje, Lavagna embarcará rumo a Washington para se reunir com o diretor-gerente do organismo, Rodrigo Rato. O subdiretor gerente do Fundo, o mexicano Agustín Carstens, disse que o resultado da renegociação da dívida foi muito bom, mas ainda deve ser estudado em detalhe pelos técnicos do organismo. Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor's informou que elevará a nota da dívida estrangeira de longo prazo da Argentina para B- até o fim do mês.

Legenda da foto: ROBERTO LAVAGNA: foram renegociados 76,07% da dívida pública