Título: A POLÊMICA DO PAGAMENTO DE RESGATES
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Fonte: O Globo, 07/03/2005, O Mundo, p. 22

Somas negociadas em troca da libertação de reféns enfurecem Estados Unidos

Fazer reféns é indústria em crescimento no Iraque. Mas a Itália é o único país ocidental em que já se admitiu o pagamento de resgastes para libertar seus cidadãos. Rumores de grandes somas trocando de mãos vieram à tona pela primeira vez na libertação de três guardas italianos em junho. Quando as voluntárias Simona Torretta e Simona Pari foram libertadas chegou-se a falar em US$1,3 milhão.

A Inglaterra e os Estados Unidos são contra a negociação, alegando que isso só intensifica a prática. Essa é a política que terminou com a morte de Ken Bigley, Margaret Hassan, Nick Berg e outros reféns.

A França assegurou a libertação dos jornalistas Christian Chesnot e George Malbrunot, após 124 dias, com resgate, categoricamente negado. Outra jornalista francesa, Florence Aubenas, do diário ¿Libération¿, está em poder de seqüestradores desde janeiro. Segundo a família, foram pedidos cerca de US$5,7 milhões e a retirada de tropas estrangeiras.

São as altas somas pagas por italianos que mais enfurecem os Estados Unidos. Após a exibição de um vídeo com apelo de Giuliana Sgrena ¿ um sinal dos seqüestradores de que poderiam negociar ¿ os jornalistas remanescentes no Iraque receberam ordem do governo italiano para deixar o país. Isso foi interpretado como um sinal de que os Estados Unidos tinham perdido a paciência com os ¿grandes maços¿ de Berlusconi.