Título: AL-QAEDA TERIA 200 MEMBROS NO REINO UNIDO
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Fonte: O Globo, 07/03/2005, O Mundo, p. 22
Ex-diretor da polícia de Londres diz que não se surpreenderia com atentado em território britânico
LONDRES. O ex-diretor da polícia metropolitana de Londres John Stevens afirmou que há entre cem e 200 integrantes da rede terrorista al-Qaeda circulando livremente pelas cidades do Reino Unido. Stevens, que se aposentou no fim de janeiro passado, era a maior autoridade policial britânica quando ocorreram os atentados de 11 de Setembro de 2003.
"Apesar de eles ainda não terem submetido o Reino Unido a horrores como o 11 de Setembro ou as bombas em Madri, com certeza eles o fariam se pudessem", disse Stevens em artigo publicado ontem no jornal "The News of The World". "Se escutasse no rádio que eles realizaram um ataque terrorista, ficaria horrorizado, mas nem um pouco surpreso", afirmou ele.
Ex-comissário defende verbas antiterror
As estimativas de Stevens teriam como base o número de suspeitos de terrorismo que entraram no Reino Unido vindos de campos de treinamento da al-Qaeda no Afeganistão.
Entre os radicais, estariam alguns que lutaram pela causa islâmica em Bósnia, Chechênia e Cachemira.
O ex-comissário disse ainda que a verba do governo do primeiro-ministro Tony Blair destinada ao combate ao terrorismo é vital. "A oposição aos gastos é feita por gente que simplesmente ainda não entendeu o verdadeiro horror e o terrorismo que encaramos. Para a segurança da vasta maioria, ocasionalmente teremos que aceitar infringir os direitos humanos de indivíduos de alto risco", escreveu.
Em dezembro passado, dez suspeitos integrantes da al-Qaeda foram presos em Belmarsh, no sudeste de Londres, incluindo Abu Qatada, que seria o principal ¿embaixador¿ do grupo terrorista na Europa. A Justiça, no entanto, determinou que eles deveriam ser libertados, pois não havia prova que os incriminasse, sendo assim a prisão infringiria os direitos humanos.
"Eu li cada prova contra eles. Sei que, pela segurança de pessoas inocentes, eles deviam ter sido mantidos presos; não deveriam estar em liberdade neste país. Isto é loucura." escreveu Stevens, acrescentando: "Alguns dos relatórios sobre eles que chegaram à minha mesa deixaram meu cabelo em pé".
O ex-comissário, que trabalhou junto com as divisões antiterroristas dos serviços de inteligência, disse que grande parte das informações sobre terrorismo no Reino Unido é fornecida por muçulmanos estarrecidos com as atrocidades cometidas em nome do Islã.
O ministro do Interior, Charles Clarke, tenta manter os dez suspeitos presos, apesar da determinação da Justiça. O ministro estaria preparando uma ordem estatutária caso a verba contra o terrorismo não seja aprovada no Parlamento.