Título: HEZBOLLAH CONVOCA MANIFESTAÇÃO EM BEIRUTE
Autor:
Fonte: O Globo, 07/03/2005, O Mundo, p. 23

Governo libanês diz que retirada de tropas sírias começa hoje, mas grupo protesta contra interferência externa

BEIRUTE. O Líbano anunciou ontem que a Síria começará hoje a retirar suas tropas do país. Mas o Hezbollah ¿ principal partido e grupo armado libanês, apoiado pela Síria ¿ convocou para amanhã uma manifestação maciça no centro de Beirute contra a interferência externa ¿ que está por trás da medida.

Sob forte pressão dos EUA, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, declarara sábado que haveria um recuo gradual das tropas, sem dizer quando aconteceria. Muitos libaneses comemoraram o anúncio, mas ontem o anti-Israel e xiita Hezbollah ¿ que se mantinha afastado do assunto ¿ manifestou-se de forma diferente:

¿ O objetivo dos EUA e de Israel é espalhar o caos no Líbano e trazer o Líbano de volta a um estado de caos para encontrar desculpas para uma intervenção externa e pressionar alguns libaneses a pedir intervenção internacional ¿ disse o chefe do partido, xeque Hassan Nasrallah.

Sobre o protesto de amanhã, ele afirmou:

¿ Convoco todos os libaneses a esse encontro popular pacífico para rejeitar a intervenção externa, que é contrária a nossa independência, soberania e liberdade.

Nasrallah pediu que os libaneses se manifestem contra uma resolução da ONU ¿ aprovada no ano passado ¿ que prevê a retirada das tropas e que expressem ¿gratidão e lealdade à Síria por suas realizações no Líbano¿.

O ministro de Defesa do Líbano, Abdul Rahim Mrad, disse que o recuo das tropas terá início imediatamente depois de um encontro de líderes libaneses e sírios hoje em Damasco, para aprovar o plano de Assad, que prevê um deslocamento das tropas em duas etapas: primeiramente para o Vale de Bekaa, no leste, e depois para a fronteira.

Os EUA voltaram a exigir, no entanto, uma retirada total e imediata.

A pressão para a retirada das tropas que ocupam o Líbano desde 1976 aumentou no mês passado, depois do assassinato do ex-premier libanês Rafik Hariri, atribuído à Síria. Protestos populares levaram à renúncia do premier Omar Karami, pró-Síria.