Título: Receita da Dutra é a que mais cresce
Autor:
Fonte: O Globo, 06/03/2005, Rio, p. 20
Receita da Dutra é a que mais cresce
Concer é exceção: faturou R$10 milhões a menos no ano passado
A exploração de rodovias desconhece a crise. Desde o início do Programa de Concessões de Rodovias Federais, em 1995, as empresas que se aventuraram no negócio de pedágio rodoviário no Estado do Rio só viram a arrecadação prosperar. A exceção é a Concer, administradora da Rio-Petrópolis-Juiz de Fora, que em 2004 teve a receita reduzida em quase R$10 milhões em relação a 2003. Nos outros anos de concessão, a Concer, assim como as demais concessionárias, viu o faturamento aumentar ano a ano. Os números são das próprias empresas e foram informados à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Na Dutra, arrecadação cresceu R$100 milhões
Para a Nova Dutra, 2004 foi um ano excepcionalmente bom. A arrecadação aumentou em pouco mais de R$100 milhões (de R$399,5 milhões para R$499,9 milhões). As outras duas concessionárias de rodovias federais - Ponte S/A e CRT - também continuaram em ritmo de crescimento da receita. A primeira faturou R$74,3 milhões em 2004 contra R$69 milhões em 2003. Já na CRT, a receita pulou de R$49,8 milhões para R$60,5 milhões.
As concessionárias de rodovias estaduais também não podem se queixar. Segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos (Asep), a arrecadação da Rota 116 (Itaboraí-Friburgo-Macuco) passou de R$16,8 milhões para R$19,1 milhões de 2003 para 2004. No mesmo período, a receita da Via Lagos subiu de R$30,6 milhões para R$33,1 milhões.
Na Linha Amarela, receita aumenta em R$12 milhões
Única rodovia municipal com pedágio, a Linha Amarela teve o movimento diário de veículos aumentado de 89.986 para 93 mil, de 2003 para 2004. A arrecadação subiu de R$88,7 milhões para R$100,8 milhões, de acordo com a concessionária e com a Secretaria municipal de Transportes.
Despesas nem sempre crescem de ano para ano
Concessionárias dizem que gastam quase tudo que arrecadam
Os gastos em obras e serviços de manutenção nem sempre aumentam ano a ano nas rodovias federais com pedágio no Rio. No primeiro ano da concessão, em 1996, a CRT aplicou quase R$26 milhões (valor atualizado pela concessionária) em reparos e obras de engenharia. Nos dois anos seguintes, os recursos caíram, voltaram a crescer em 1999 e 2000 para, a partir de 2001, entrarem numa curva descendente - em 2003, alcançaram apenas R$16,3 milhões. No ano passado, os gastos da CRT na conservação da Rio-Teresópolis-Além Paraíba voltaram a aumentar, desta vez para R$22,8 milhões.
Apesar da receita alta e crescente, concessionárias informam que estão gastando quase tudo ou até mais do que arrecadam. É o caso da Concer, que alega ter aplicado R$520 milhões na rodovia, em obras e manutenção, nos nove anos de concessão. Nesse período, a concessionária diz que arrecadou com pedágio cerca de R$580 milhões.
Já a Rota 116 afirma que no ano passado gastou R$22,2 milhões na Itaboraí-Friburgo-Macuco, contra R$19,1 milhões de arrecadação (valor fornecido pela Asep). A concessionária apresentou uma receita maior para 2004 (R$21,1 milhões), mas, ainda assim, abaixo dos gastos que teve na rodovia.
Empresa promete aumentar gastos este ano
De acordo com a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), em 2005 os gastos com obras e serviços de conservação da Ponte Rio-Niterói, da Rio-São Paulo e da Via Lagos serão superiores aos do ano passado, que foram menores que os de 2003.
No ano passado, a concessionária Ponte S/A aplicou R$4,5 milhões na Ponte Rio-Niterói. No mesmo ano, a Via Lagos investiu R$1,5 milhão e a Nova Dutra, R$70,8 milhões. Em 2005, devem ser aplicados R$22,8 milhões na Ponte Rio-Niterói, R$3,1 milhões na Via Lagos e R$110,1 milhões na Rio-São Paulo.
Linha Amarela: sem obras novas em 2005
Os custos de manutenção e operação da Linha Amarela ficaram abaixo do arrecadado: passaram de R$39,2 milhões para R$40,1 milhões, de 2003 para 2004. No entanto, Ronaldo Vancellote, diretor de Engenharia de Operação da Lamsa, argumenta que os investimentos em obras foram concentrados no período de construção da rodovia.
Para este ano, mais uma vez não estão previstas obras novas na Linha Amarela. Os investimentos ficarão limitados a melhorias nas câmeras e no sistema informatizado de pedágio.
Legenda da foto: VIA LAGOS: buraco no acostamento e falta de mureta divisória