Título: HILDEBRANDO VAI A JÚRI HOJE POR MORTE DE POLICIAL
Autor: Rodrigo Rangel e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 08/03/2005, O País, p. 9

Ex-deputado está preso sob acusação de chefiar esquadrão da morte

BRASÍLIA. A Polícia Federal montou forte esquema de segurança para o julgamento do ex-deputado Hildebrando Pascoal, que começa hoje em Brasília. Cassado e preso sob a acusação de comandar um esquadrão da morte no Acre e mandar matar inimigos seus com motosserra, Hildebrando enfrentará o tribunal do júri pelo assassinato de um policial civil em Rio Branco em 1997, época em que era deputado estadual. Ele é acusado de ser o mandante do crime.

O julgamento está programado para começar às 9h, na sede da Justiça Federal em Brasília. Hildebrando era deputado federal quando surgiram as acusações que o levaram à prisão. O ex-deputado e os outros cinco réus chegaram ontem a Brasília em dois aviões da Polícia Federal. Hildebrando viajou no mais moderno, um jatinho Citation, que a PF usa desde que foi apreendido de João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, acusado de chefiar uma outra máfia, em Mato Grosso.

O réus foram levados para o presídio da Papuda, onde passariam a noite em celas individuais. Um sétimo acusado, que pode ser inocentado por ter colaborado com a investigação, foi alojado em lugar não revelado. Para evitar que esse réu tivesse contato com os demais, ele viajou de Rio Branco a Brasília num vôo de carreira.

No total, 50 homens da PF cuidarão da segurança

A PF informou que o esquema de segurança em torno do julgamento inclui 50 homens, parte deles do Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite da corporação. A Polícia Militar fará a segurança das ruas próximas ao prédio da Justiça Federal. O júri, presidido pela juíza federal Maria de Fátima Pessoa da Costa, não tem dia ou hora para terminar. É possível que se estenda até sexta-feira.

Hoje sem partido, Hildebrando foi preso em 1999. O crime pelo qual será julgado é apenas um pelos quais é acusado. Envolve o assassinato do policial civil Valter José Ayala, morto com três tiros na cabeça em 1997. O caso poderia ser julgado pela Justiça estadual, mas foi federalizado porque a vítima iria testemunhar contra Hildebrando numa comissão de investigação que o governo federal enviou ao Acre em 1997.

O pistoleiro Raimundo Alves de Souza, que teria disparado contra o policial civil, é um dos cinco réus que serão julgados com Hildebrando. Os demais estariam envolvidos no esquema de fuga e preparação do crime.

O Ministério Público Federal pediu que o julgamento fosse transferido de Rio Branco para Brasília, para evitar que os jurados sejam intimidados ou sofram algum tipo de pressão do grupo do ex-deputado.

- É uma quadrilha que até hoje, apesar das prisões, provoca muito terror na população do Acre. Há muitos elementos do grupo que ainda não foram presos - diz o procurador da República José Robalinho Cavalcanti, um dos três procuradores encarregados do julgamento a partir de amanhã.