Título: INTERVENÇÃO NO RIO PODE DAR SOBREVIDA A COSTA
Autor: Diana Fernandes e Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 12/03/2005, O País, p. 8

Atuação de ministro pode ajudar na sua permanência no cargo

BRASÍLIA. O ministro da Saúde, Humberto Costa, ganhou sobrevida no cargo por causa da intervenção do governo federal no Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio. Seus companheiros de PT aproveitaram o episódio para reforçar o lobby em favor de sua permanência no cargo. Deputados do PT e pernambucanos de outros partidos fizeram chegar a ministros e até ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogios a Costa.

Embora evite falar em nomes para a reforma ministerial, o presidente do PT, José Genoino, dá sinais claros de que o presidente não decidiu pela demissão de Costa. A fala do ministro em rede nacional de rádio e televisão, ontem, para explicar a situação do Rio, animou ainda mais seus defensores.

Ministros do PT que até quarta-feira davam como certa a demissão de Humberto Costa estavam ontem mais cautelosos, admitindo que a situação mudou favoravelmente a ele. Outros, mais realistas, diziam que, por mais que o presidente Lula queira, terá dificuldade para manter Costa no cargo, pois precisa da vaga para fazer os remanejamentos e a acomodação dos partidos aliados.

Genoino diz que reforma não avalia desempenho

Com a indefinição se prolongando, José Genoino diz que sua única certeza é que eventuais demissões de ministros petistas não significam avaliação do desempenho do titular do cargo.

¿ A reforma é um ajuste político e não de avaliação de desempenho. O presidente pode tirar todos que achar necessário para fazer esse ajuste, mas nenhum ministro do PT sai por desempenho. O PT não cria problemas para a reforma.

O nome mais cotado para assumir o lugar de Costa, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, também elogiou o pernambucano. Ciro negou ter recebido convite de Lula para deixar o cargo e defendeu Costa, rebatendo críticas, principalmente da oposição, de que o petista teve desempenho sofrível:

¿ Quero saber quantos casos de dengue foram registrados na gestão anterior e quantos na gestão de Humberto. Esse é um bom número para se fazer uma comparação.

Em São Paulo, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB), disse que o governo não pode ter partidos de 1ª e 2ª categorias. Segundo Rebelo, todos os partidos que apóiam o governo devem ser contemplados com cargos.

¿ Quem apóia o governo participa do governo. Não há sentido em um partido apoiar o governo sem participar. Não podemos ter partidos de 1ªe 2ª categorias ¿ disse Rebelo.