Título: LIXÃO É ENTRAVE PARA TOMBAR PARATY
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Fonte: O Globo, 13/03/2005, Rio, p. 25

Unesco exige reflorestamento e melhorias no sistema de saneamento

Pouco mais de dois meses depois de empossado, o prefeito de Paraty, José Porto Neto, o Zezé, começou a corrida para apressar o reconhecimento da cidade histórica ¿ há mais de cinco anos na fila da candidatura ¿ como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Na semana passada, Zezé se reuniu com representantes dos ministérios do Meio Ambiente e das Cidades, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da própria Unesco. Como a Unesco não aprovou o dossiê preparado anteriormente por um comitê formado em 2003 para promover a cidade, segundo o prefeito o Iphan terá que ajudar a preparar um novo documento antes de setembro, para que o reconhecimento possa ser feito em 2006.

Paraty também precisa resolver problemas apontados pela Unesco como entraves no processo: a remoção de um lixão que funciona em uma área de proteção ambiental (APA), o reflorestamento de uma região usada para extração de barro e a melhoria do sistema de saneamento.

¿ Neste sentido, nos próximos dias 21 e 22 estaremos recebendo a visita de técnicos do Ministério do Turismo, que avaliarão a questão do esgoto na cidade. E a prefeitura vai apresentar um projeto para transformar o lixão num aterro sanitário. Fazer de Paraty um Patrimônio da Humanidade é um ponto fundamental da minha administração ¿ disse Zezé.

Segundo a arquiteta Taís Pessoto de Mendonça, chefe da 6ª Superintendência Regional do Iphan (que abrange os estados do Rio e do Espírito Santo), desde que o dossiê de Paraty foi submetido à Unesco, no início do ano passado, e não foi aprovado, o órgão passou a priorizar a candidatura do Rio para receber o mesmo título.

¿ O Rio foi priorizado porque estava na frente, mas agora que concluímos o trabalho podemos retomar Paraty, se o presidente do Iphan assim determinar ¿ explica ela, acrescentando que, como ao longo dos anos a candidatura de cidades brasileiras ao título de Patrimônio da Humanidade tem sido desorganizada, está para ser formada uma comissão nacional para trabalhar na candidatura dos próximos dez locais a serem indicados. ¿ A comissão, que está sendo acertada pelo Iphan e vários ministérios, pode facilitar a transformação em realidade deste desejo, absolutamente legítimo, de várias cidades brasileiras.

Ainda de acordo com Taís, o dossiê do Rio, preparado pela 6ª Superintendência Regional, já foi encaminhado para a avaliação da Diretoria do Patrimônio Material do Iphan, em Brasília. A expectativa é de que ele seja entregue até setembro à Unesco.

Uma das belezas que podem ajudar no reconhecimento do Rio como Patrimônio da Humanidade, por sinal, foi tombado na semana passada: o Cristo Redentor. Como já era esperado, no mês do aniversário de 440 anos da cidade, o tombamento da estátua foi decidido pelo Conselho Consultivo do Iphan.