Título: MINISTÉRIO REABRE A EMERGÊNCIA DO ANDARAÍ
Autor: Maria Elisa Alves
Fonte: O Globo, 13/03/2005, Rio, p. 17

Segundo secretário, 90% dos contratos com fornecedores dos hospitais públicos foram suspensos pela prefeitura

Depois da reabertura do setor de emergência do Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na última sexta-feira, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Jorge Sola, anunciou que ainda ontem seria reaberta a emergência do Hospital do Andaraí, fechada desde o dia 23 de fevereiro e visitada anteontem pelo coordenador dos seis hospitais sob intervenção, Sérgio Côrtes. O anúncio foi feito durante visita de Côrtes e Sola ao Cardoso Fontes, onde este criticou a gestão municipal nos hospitais da União e afirmou que 90% dos contratos com fornecedores da rede foram suspensos pela prefeitura. A partir de agora, esses contratos serão geridos pelo governo federal.

Governo federal entrega material ao Miguel Couto

Para ontem, também estava prevista a entrega de material hospitalar e equipamentos ao Hospital Miguel Couto, no Leblon. O hospital também foi visitado pelas autoridades federais. Apesar da reabertura da emergência do Cardoso Fontes, pacientes ainda reclamavam da demora no atendimento.

O Hospital do Andaraí virou exemplo do que o ministro da Saúde, Humberto Costa, chamou de ¿total estado de abandono e de calamidade¿ na saúde pública do Rio. Na sexta-feira, o aposentado Reginaldo Joaquim da Silva foi levado no colo pela filha porque não havia cadeira de rodas para transportar o paciente até o consultório onde seria atendido. Ele teve a perna direita amputada há três semanas.

A emergência do Andaraí foi fechada no dia 23 em mais um capítulo da crise que provocou a intervenção federal no sistema hospitalar público do Rio. Além do Andaraí e do Cardoso Fontes, o Ministério da Saúde retomou o controle dos hospitais da Lagoa, de Ipanema (que também estavam municipalizados), Miguel Couto e Souza Aguiar, esses dois últimos da rede municipal. Com a intervenção, a prefeitura deixa de gerir recursos do SUS.

Unidade superlotada com falta de medicamentos

O atendimento na emergência no Andaraí ficou até ontem limitado aos casos mais graves. A unidade está superlotada, faltam medicamentos, inclusive para o tratamento do câncer, e o número de especialistas é insuficiente para atender à demanda, segundo o relato de médicos e representantes do Cremerj, Sindicato dos Médicos e do presidente da Comissão de Saúde da Alerj, Paulo Pinheiro (PT). Por falta de especialistas para atendê-los, pacientes permanecem mais tempo internados, retardando a liberação de leitos. Devido à falta de vagas, pacientes passaram a ser atendidos de forma improvisada em corredores. Até cadeiras se transformaram em leitos para quase 20 pessoas.