Título: ATO PÚBLICO NA ESCADARIA DA BIBLIOTECA
Autor: Alessandro Soler
Fonte: O Globo, 12/03/2005, Rio, p. 30

Servidores reclamam da degradação de parte do acervo

Cerca de 50 servidores da Biblioteca Nacional fizeram ontem um protesto público na escadaria do prédio, na Cinelândia. Eles acusam a direção de omissão diante do que chamam de destruição do patrimônio público. Para eles, a transferência de parte do acervo para um prédio sem climatização na Avenida Rodrigues Alves, as goteiras e o mofo no prédio principal e o armazenamento de livros em caixas no chão são uma ameaça a obras de até 200 anos.

Durante o protesto, os funcionários também reivindicaram um plano de carreira, melhores salários, a regularização das funções comissionadas e reforços à equipe atual de cerca de 200 pessoas. Eles abordaram os visitantes da biblioteca para expor suas queixas e estenderam um varal com 40 fotos dos problemas.

- A transferência de periódicos raros para o anexo do porto, sem adaptações, é um erro. Lá não há higiene, as janelas estão quebradas, e não há climatização - diz Rutônio Sant'Anna, diretor da associação dos servidores. - Enquanto isso, gastam uma fortuna instalando um vidro blindex no mármore tombado no quinto andar.

Célia Zaher, diretora do Centro de Processos Técnicos da Biblioteca Nacional e presidente da Associação Internacional dos Bibliotecários, disse que a diretoria busca soluções:

- Em relação à conservação do prédio e das obras do acervo já demos início a obras na cúpula, nos banheiros e no prédio anexo. As demandas salariais e de carreira dependem do governo.

Somente depois de concluídas as obras no anexo, com instalação de climatizadores, informa Célia, é que haverá a transferência do acervo.

Outra funcionária da diretoria, que pediu para não ser identificada, disse que estranhou o tom das críticas:

- A situação já esteve pior. Estamos com várias soluções encaminhadas. Entendemos que houve falhas na manutenção, na questão das goteiras, por exemplo, mas os funcionários precisam nos ajudar. A obra do quinto andar é necessária para a segurança no mezanino que funciona lá. O Iphan aprovou o projeto.