Título: AMAZÔNIA: NOVO ELO ENTRE A REDUÇÃO DE CHUVAS E O DESFLORESTAMENTO
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Fonte: O Globo, 12/03/2005, Ciência e Vida, p. 50

Perda de florestas às margens do Rio Amazonas muda o clima

SYDNEY. Cientistas australianos encontraram novos sinais das mudanças climáticas que o desmatamento vem causando na Amazônia. Segundo eles, o desflorestamento às margens do Rio Amazonas está causando a redução do regime de chuvas e afetando o clima.

Pesquisas brasileiras, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de São Paulo (USP), já haviam revelado que as queimadas têm impacto sobre o regime de chuvas.

O novo estudo mostrou que a perda das florestas diminui a quantidade de água que evapora para a atmosfera, reduzindo a chuva, disse a coordenadora da pesquisa, Ann Henderson-Sellers, diretora do setor de meio ambiente da Organização de Ciência Nuclear e Tecnologia da Austrália.

Cientistas rastrearam moléculas de água

Um ponto-chave do estudo australiano foi mapear o ciclo de uma versão molecular mais pesada de água comum na Amazônia. Essa versão evapora mais diretamente da respiração de plantas do que de rios e lagos.

Os pesquisadores australianos rastrearam o ciclo da água: seu fluxo pelo Rio Amazonas, chegada ao Oceano Atlântico, evaporação, precipitação como chuva e retorno ao mar.

De acordo com Henderson-Sellers, vem acontecendo uma redução progressiva de chuva desde os anos 70.

- Essa foi a primeira vez que se conseguiu medir a quantidade de água que evapora das plantas daquela lançada por rios e lagos na atmosfera. Dessa forma, pudemos medir o impacto da perda de vegetação sobre a chuva com uma precisão muito maior - explicou a pesquisadora australiana.