Título: EUA APOIARÃO O BRASIL, COM OU SEM O FMI
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 12/03/2005, Economia, p. 43

Subsecretário do Tesouro elogia economia brasileira. Americanos têm déficit recorde

O governo dos Estados Unidos não está preocupado com a possibilidade de o Brasil deixar de fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), quando o atual vencer nas próximas semanas - disse ontem o subsecretário do Tesouro americano, John Taylor.

Segundo ele, a economia do país está crescendo, enquanto a inflação cai e o superávit primário excede as metas traçadas. Além disso, Taylor afirmou que - com ou sem a participação de recursos do FMI - os EUA apoiarão o Brasil por meio do comércio e de outras iniciativas que possam fortalecer ainda mais o crescimento econômico do país.

- Nós queremos apoiar o Brasil seja qual for o caminho que seu governo queira tomar, e seja qual for a maneira que o país escolher para lidar com as instituições financeiras internacionais. A essa altura, a decisão cabe apenas aos brasileiros - disse Taylor durante uma entrevista coletiva.

Diante da insistência de alguns repórteres em saber o motivo de tal confiança, ele respondeu que o governo brasileiro tem dado mostras suficientes de que pretende continuar implementando políticas sérias. E arrematou:

- Trata-se de um momento muito importante para o Brasil se agarrar nas realizações monetárias e fiscais impressionantes que tem feito. Nós gostaríamos apenas de incentivá-los a seguir adiante - disse Taylor.

Enquanto Taylor elogiava a economia brasileira, os números da economia americana surpreendiam negativamente os economistas. Um salto nas importações elevou o déficit comercial dos Estados Unidos para US$58,3 bilhões em janeiro, o segundo pior resultado da História.

Déficit comercial superou previsões em US$1,8 bilhão

As exportações subiram 0,4% em janeiro, para um recorde de US$100,8 bilhões mas as importações cresceram 1,9%, chegando a outro recorde, US$159,1 bilhões. Com isso, o déficit foi US$1,8 bilhão maior do que a previsão dos economistas.

- A maior surpresa foi o lado das importações, em particular de bens de consumo - disse Stephen Stanley, economista do RBS Greenwich Capital Markets.

O déficit comercial pode levar os economistas a reduzirem as projeções para de crescimento no primeiro trimestre, já que grande parte da demanda doméstica está sendo alimentada por importações. Em janeiro, o déficit com a China aumentou em US$1 bilhão.