Título: MERCADO EXTERNO APAGA OTIMISMO COM IBGE
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 12/03/2005, Economia, p. 39

Após reação a índice de preços, Bovespa cai 1,72% pressionada por déficit de EUA e energia

O alívio com o IPCA de fevereiro, divulgado ontem pelo IBGE, embalou os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que chegou a subir 1,27% de manhã. Mas a piora do cenário externo tirou todo o fôlego dos investidores, que passaram a vender ações. No fim do dia, a bolsa paulista caiu 1,72%, com o Índice Bovespa encerrando em 28.074 pontos. O volume financeiro atingiu R$1,859 bilhão. No acumulado da semana, houve perda de 3,8%.

O déficit comercial americano acima do esperado e a volatilidade dos preços do petróleo derrubaram as bolsas nos estados, favorecendo a alta de juros dos títulos americanos. O T-Note de dez anos pagava ao fim do dia 4,53% ao ano, contra 4,46% da véspera. Com isso, os títulos brasileiros se desvalorizaram. O C-Bond encerrou com queda de 0,36%, cotado a 101,12% do seu valor de face. O risco-Brasil, assim, subiu 1,27%, para 397 pontos centesimais.

O dólar também teve dois momentos distintos ontem. A moeda americana abriu em baixa, mas terminou o dia em alta de 0,18%, cotada a R$2,718 na compra e R$2,720 na venda. Foi a quinta valorização consecutiva da moeda, que subiu 2,37% na semana. Segundo profissionais do câmbio, a baixa liquidez, a deterioração do cenário externo e um leilão de compra do Banco Central pressionaram a cotação. O BC comprou recursos por R$2,705 (-0,37%).

- O mercado começou o dia animado com o cenário interno positivo, mas quando as coisas pioraram no exterior, nossa bolsa não teve força para se sustentar. Mesmo com a queda de hoje (ontem), foi importante o fato de o Ibovespa ter se mantido no patamar dos 28 mil pontos. Se cair abaixo disso, é possível que a correção seja maior ainda - disse Maurício Gallego, gestor de Renda Variável da corretora Concórdia.