Título: LULA CONVERSA, CONVERSA, E REFORMA ESTÁ INDEFINIDA
Autor: Lydia Medeiros, Gerson C., Cristiane J., Luiza D
Fonte: O Globo, 15/03/2005, O País, p. 8

Tasso Jereissati denuncia `banalização do fisiologismo¿ no governo com negociações sobre trocas no Ministério BRASÍLIA. Depois de ouvir ministros e dirigentes petistas na noite de domingo, o presidente Lula encontrou a solução para um dos problemas que mais o incomodam na reforma ministerial, a demissão do ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política: deve convidá-lo a assumir o Ministério do Trabalho no lugar do petista Ricardo Berzoini. Na reunião, Lula avaliou que Aldo foi um aliado fiel e amigo e disse que deseja mantê-lo no governo. Em mais um dia de apostas e especulações sobre a reforma, a única certeza foi dada pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, ao afirmar que fica onde está. Ou seja, não retomará oficialmente a função de articulador político.

Ontem, Lula voltou a receber políticos durante todo o dia. Fez uma pausa apenas para tirar fotos com um grupo de gaúchas que o convidou para a Festa do Mar, em Rio Grande.

Estão praticamente certas a ida de Ciro Gomes para o Ministério da Saúde, deixando a Integração Nacional, e a nomeação do senador Romero Jucá (PMDB) para a Previdência.

Para o lugar hoje ocupado por Aldo, o nome do ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP) entrou na discussão, mas vai depender da sua disposição de sair da disputa pelo governo de São Paulo. O ministro Jaques Wagner também pode ser uma opção para o cargo.

Cogitava-se ontem no Planalto da possibilidade de o presidente Lula anunciar a reforma até quinta-feira. Para hoje novas conversas estão previstas, como a dos dirigentes do PP com o ministro José Dirceu, que cuida das negociações com o PMDB e o PP.

No fim da manhã de ontem, numa rápida conversa com os jornalistas, Dirceu demonstrava muito bom-humor. Perguntado sobre a reforma e por que estava feliz, respondeu:

¿ Porque vou ficar quieto, sossegado no meu lugar. Reforma é com o presidente.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniu-se com o presidente pelo menos duas vezes ontem para discutir as mudanças. Palocci, segundo integrantes do governo, tem insistido na nomeação do deputado Paulo Bernardo (PT-SP), seu fiel aliado, para o Ministério do Planejamento.

Tasso: ¿Não se discute perfil adequado¿

As negociações do governo com os partidos aliados foram alvo de crítica do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Ele denunciou o que chamou de banalização do fisiologismo no governo Lula, expressa nos debates sobre as mudanças na equipe:

¿ Não se discute vocação, perfil adequado ou a preocupação com a eficiência e a qualidade da prestação dos serviços. Só o critério político.

Tasso sustenta que no governo Fernando Henrique, o loteamento de ministérios entre aliados era exceção, não prática:

¿ O presidente Fernando Henrique fez, mas agora isso banalizou-se, e entre partidos que não têm qualquer identidade com o governo petista. É assim que se destroem partidos, e a eleição de Severino na Câmara é só um reflexo dessa prática.