Título: SAÚDE É O QUE MAIS PREOCUPA TRABALHADORES
Autor: Ana Wambier
Fonte: O Globo, 15/03/2005, Rio, p. 16

Pesquisa mostra que 76% dos entrevistados acham que problemas nos hospitais são mais graves do que crise da segurança

No auge da turbulência vivida pelo sistema de saúde no Rio, a Firjan divulgou, no último dia 8, uma pesquisa mostrando que, na opinião dos trabalhadores da indústria, a saúde é a área que mais precisa de atenção do governo entre todas as outras que são de responsabilidade pública. A principal queixa dos trabalhadores refere-se à má qualidade dos serviços prestados e à dificuldade de acesso às unidades hospitalares.

Segundo 1.157 trabalhadores ouvidos em dezembro do ano passado em todas as regiões do estado, os governos deveriam dar prioridade à saúde, antes até do que à segurança, à educação, à habitação, ao saneamento, ao transporte e à coleta de lixo ¿ listados nesta ordem por grau de importância pelos entrevsitados.

Segurança e educação ficaram em segundo plano

No caso específico da saúde, 76% dos entrevistados julgaram que os governos deveriam dedicar prioridade alta ou muito alta ao setor. Setenta e três por cento dos entrevistados consideraram que os governos deveriam conceder prioridade alta ou muito alta à segurança. E o terceiro lugar ficou com a educação: 72% dos entrevistados acharam que deveria ser dada ao setor prioridade alta ou muito alta.

De acordo com a pesquisa, a maior parte dos entrevistados que consideram que a saúde deveria ter prioridade alta se concentra no município do Rio e nas regiões Centro-Norte (que inclui alguns municípios como Bom Jardim, Teresópolis, Nova Friburgo, Carmo, Cordeiro e Duas Barras) e Noroeste (Cambuci, Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Miracema e Aperibé).

A pesquisa também fez perguntas sobre cada uma das áreas isoladamente. Na região da Baixada II (que engloba Belford Roxo, Duque de Caxias, São João de Meriti, Guapimirim, Magé, Miguel Pereira e Paty de Alferes), Serrana e no município do Rio, a principal queixa em relação aos problemas da saúde se refere à má qualidade dos serviços.

Já na região Baixada I (Nova Iguaçu, Nilópolis, Queimados, Itaguaí, Japeri, Mangaratiba, Mesquita, Paracambi e Seropédica), a dificuldade de acesso é o que mais incomoda as pessoas entrevistadas pela pesquisa.

Federação mantém unidades de serviços para a população

Segundo o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, o objetivo da Federação tem sido assumir um papel cada vez mais comprometido com a busca de soluções para a redução dos problemas do estado.

¿ Estamos investindo recursos financeiros para isso, gerenciando estudos e agindo, efetivamente. Acreditamos que devemos devolver à sociedade, na forma de investimentos, todas as contribuições feitas através de impostos compulsórios. Temos investido em educação infantil, básica, técnica e profissionalizante, e também no atendimento básico à saúde e no gerenciamento de pesquisas e estudos em áreas vitais ¿ comentou.

Segundo Eduardo Eugênio, a sociedade do Rio, além de protestar, deve agir de forma prática para dar um basta à ineficiência dos serviços públicos. A Firjan mantém 26 unidades de atendimento básico espalhadas por todas as regiões do estado, sendo 14 delas na região metropolitana. Nelas são prestados serviços na área médica a 44 mil pessoas por mês. Também há 46 unidades ¿ 40% delas concentradas na região metropolitana ¿ atendendo em média 200 mil alunos por mês através de iniciativas em educação básica e de cursos profissionalizantes.